Existem pessoas que têm poder fenomenal de provocar aborrecimentos por onde passam. Talvez você reconheça esse tipo no chefe ameaçador; no colega com capacidade imbatível para bajular os superiores e infernizar a vida de seus pares; no professor perfeccionista ao extremo; na sogra ranzinza e intrometida; no amigo pessimista que espera sempre o mundo desabar; no vizinho barulhento e indiscreto.
Dizia o filósofo francês Voltaire que a maioria da humanidade é como um ímã: uma parte atrai e a outra repele. A atração ocorre por meio de sentimentos nobres como amor, justiça, compaixão, perdão. A repulsão é resultado da raiva, vaidade, presunção, do rancor, pessimismo, orgulho. É o predomínio de sentimentos negativos que torna as pessoas insuportáveis.
O intolerável está nas melhores famílias, melhores empresas, melhores vizinhanças, em todos os lugares. Em geral, não tem papas na língua, mas é bem-intencionado, apenas acha-se no direito de expressar suas opiniões. Mas, passa do limite e não tem consciência de como seu comportamento prejudica as pessoas com quem se relaciona. Quase sempre está convencido de que os outros precisam mudar, não ele.
Saber lidar com gente problemática é importante tanto para a realização na carreira quanto para o bem-estar pessoal. No trabalho, onde cada vez mais as tarefas são desenvolvidas em grupo, essa habilidade tornou-se básica, pois é impossível manter a produtividade elevada, se os integrantes da equipe não suportarem as diferenças individuais.
Conviver pacificamente com pessoas difíceis está ao alcance de todos, mas exige compromisso pessoal e persistência. E quando alguém se empenha verdadeiramente para compreender o outro, também se conhece mais e se torna melhor, isso já valerá o esforço.
"Para suportar alguém a quem não se suporta é essencial saber controlar a própria maneira de ser e aceitar a pessoa problemática tal como é", ensinam os médicos holísticos americanos Rick Brinkman e Rick Kirschner, autores do livro Como Lidar com pessoas que você não suporta (Editora José Olympio).
De acordo com os autores, existem quatro opções básicas para lidar com o problema:
Não fazer nada - Deixar as coisas exatamente como estão. Nesse caso, nada vai mudar e pode até piorar: um dia você pode perder a paciência e explodir.
Desistir - Saída indicada para o caso dos insuportáveis crônicos, quando não houver mais nada a ser feito.
Mudar de opinião - Tentar ver a pessoa a quem não se suporta com outros olhos: aproximar-se dela, tentar compreender que está por trás de seu comportamento.
Mudar de atitude - Apegar-se às qualidades da pessoa de forma que os defeitos dela irão parecer menores. Ao mudar sua postura em relação a pessoas difíceis, elas podem passar a agir de forma diferente com você.
A compreensão é a melhor saída.
Em qualquer situação, ouça efetivamente seu interlocutor. Respeite-o, demonstre que você se interessa por ele. Faça isso nem que seja por humanidade, compaixão.
Assegure-se de que você não está contribuindo para dificultar o relacionamento. Todos nós, em alguns momentos, também somos difíceis. E pode ser que a pessoa a qual considera intolerável seja apenas diferente.
Lembre-se de que por trás de um comportamento distorcido, podem existir boas intenções. É possível que a pessoa se comporte com você da mesma maneira que o faz com os outros. Por isso, não leve os ataques dela para o lado pessoal.
Compreenda que você não pode mudar os outros, pode apenas influenciá-los a mudar de atitude, nada mais.
Teste sua resistência aos insuportáveis- Encare o convívio com a pessoa difícil como um desafio, como sugerem Brinkman e Kirschner. ´Na próxima vez em que lidar com alguém insuportável, lembre-se de que a vida não é um teste, é a prova final´, propõem os autores.
( Maria de Lima (jornalista e pós-graduanda em Filosofia), em junho/2001)
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