quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

LEITURAS BÍBLICAS...

(Gênesis 19,8)
Ouvi: tenho duas filhas que são ainda virgens, eu vo-las trarei, e fazei delas o que quiserdes. Mas não façais nada a estes homens, porque se acolheram à sombra do meu teto.”

(Juízes 15,14)
Chegando a Lequi, os filisteus acolheram-no com gritos de alegria. Apoderou-se, porém, de Sansão o Espírito do Senhor, e as duas cordas que ligavam seus braços tornaram-se como fios de linho queimado, caindo de suas mãos as amarraduras.

(Juízes 19,18)
Nós partimos, respondeu o levita, de Belém de Judá e vamos até ao fundo da montanha de Efraim, onde nasci. Acabo de deixar Belém de Judá para voltar à minha casa, mas ninguém me quer acolher,

(Rute 2,2)
Rute, a moabita, disse a Noêmi: Peço-te que me deixes ir respigar nos campos de quem me quiser acolher favoravelmente. Vai, minha filha, respondeu-lhe ela.

(Rute 2,12)
O Senhor te remunere pelo bem que fizeste, e recebas uma plena recompensa do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te acolheste!

(Gênesis 19,8)
Ouvi: tenho duas filhas que são ainda virgens, eu vo-las trarei, e fazei delas o que quiserdes. Mas não façais nada a estes homens, porque se acolheram à sombra do meu teto.”

(Juízes 15,14)
Chegando a Lequi, os filisteus acolheram-no com gritos de alegria. Apoderou-se, porém, de Sansão o Espírito do Senhor, e as duas cordas que ligavam seus braços tornaram-se como fios de linho queimado, caindo de suas mãos as amarraduras.

(Juízes 19,18)
Nós partimos, respondeu o levita, de Belém de Judá e vamos até ao fundo da montanha de Efraim, onde nasci. Acabo de deixar Belém de Judá para voltar à minha casa, mas ninguém me quer acolher,

(Rute 2,2)
Rute, a moabita, disse a Noêmi: Peço-te que me deixes ir respigar nos campos de quem me quiser acolher favoravelmente. Vai, minha filha, respondeu-lhe ela.

(Rute 2,12)
O Senhor te remunere pelo bem que fizeste, e recebas uma plena recompensa do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te acolheste!

(Rute 2,19)
Onde respigaste hoje?, perguntou-lhe Noêmi; onde trabalhaste? Bendito seja quem te acolheu! Ela contou à sua sogra em que propriedade tinha trabalhado. O homem, disse ela, em cuja terra trabalhei hoje, chama-se Booz.

(I Crônicas 13,13)
E Davi não acolheu, a arca em sua casa, na cidade de Davi. Ele a mandou levar à casa de Obededom, de Get.

(II Crônicas 6,19)
Contudo, Senhor, meu Deus, atendei à prece suplicante de vosso servo, acolhei o clamor e os votos que ele vos dirige.

(II Crônicas 28,15)
Em seguida, os homens, cujos nomes acabam de ser citados, acolheram os cativos. Revestiram, com vestes tiradas dos despojos, aqueles que estavam nus, e os calçaram; deram-lhes comida e bebida, ungiram-nos e mandaram-nos a Jericó, a cidade das palmeiras, junto de seus irmãos, tendo colocado sobre jumentos todos os que se achavam extenuados. Depois disso, voltaram para Samaria.

(Jó 3,12)
Por que dois joelhos para me acolherem, por que dois seios para me amamentarem?

(Salmos 6,10)
O Senhor escutou a minha oração, o Senhor acolheu a minha súplica.

(Salmos 16,7)
Mostrai a vossa admirável misericórdia, vós que salvais dos adversários os que se acolhem à vossa direita.

(Salmos 26,10)
Se meu pai e minha mãe me abandonarem, o Senhor me acolherá.

(Salmos 33,23)
O Senhor livra a alma de seus servos; não será punido quem a ele se acolhe.

(Salmos 72,24)
Vossos desígnios me conduzirão, e, por fim, na glória me acolhereis.

(I Macabeus 11,2)
Chegou à Síria com palavras de paz; por isso os habitantes das cidades lhe abriam suas portas e lhe vinham ao encontro, porque o rei Alexandre havia mandado acolhê-lo, já que era seu sogro.

(I Macabeus 12,8)
Onias acolheu o enviado com honra e aceitou a carta, na qual havia referências à aliança e à amizade.

(II Macabeus 13,24)
Acolheu com agrado Macabeu e deixou como governador na região Hegemônides, desde Ptolemaida até a terra dos gerrênios.

(Provérbios 2,1)
Meu filho, se acolheres minhas palavras e guardares com carinho meus preceitos,

(Sabedoria 3,6)
Ele os provou como ouro na fornalha, e os acolheu como holocausto.
(Sabedoria 17,20)
somente sobre eles se estendia uma pesada noite, imagem das trevas que mais tarde os deviam acolher; e eram para si mesmos um peso mais insuportável que esta escuridão.

(Sabedoria 19,15)
E isso não é tudo; haverá algo a mais que um castigo qualquer para aqueles que acolheram mal os estrangeiros:

(Eclesiástico 2,2)
humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade,

(Jeremias 37,20)
Escuta-me, agora, ó meu rei e digna-te acolher minha súplica: não permitas que seja eu reconduzido à casa do escriba Jonatã, para que eu não morra lá.

(Ezequiel 3,10)
Filho do homem, ajuntou ele, acolhe em teu coração, escuta com toda a atenção tudo quanto eu te disser.

(Ezequiel 16,32)
Tens sido mulher adúltera que acolhe os estranhos em lugar do esposo.

(Ezequiel 31,13)
Sobre seu tronco mutilado se abatem todas as aves do céu, e em seus ramos se acolhem todos os animais dos campos.

(Oséias 9,6)
Ei-los que partem de uma terra devastada; o Egito os acolherá, Mênfis os sepultará; suas luxuosas residências serão cobertas de urtigas, e abrolhos invadirão suas tendas.

(Oséias 14,2)
Muni-vos de palavras (de súplicas) e voltai ao Senhor. Dizei-lhe: Perdoai todos os nossos pecados, acolhei-nos favoravelmente. Queremos oferecer em sacrifício a homenagem de nossos lábios.

(São Mateus 13,20)
O solo pedregoso em que ela caiu é aquele que acolhe com alegria a palavra ouvida,

(São Mateus 25,35)
porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes;

(São Mateus 25,38)
Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos?

(São Mateus 25,43)
era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes.

(São Marcos 4,20)
Aqueles que recebem a semente em terra boa escutam a palavra, acolhem-na e dão fruto, trinta, sessenta e cem por um.

(São Lucas 1,54)
Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,

(São Lucas 8,13)
Aqueles que a recebem em solo pedregoso são os ouvintes da palavra de Deus que a acolhem com alegria; mas não têm raiz, porque crêem até certo tempo, e na hora da provação a abandonam.

(São João 4,45)
Chegando à Galiléia, acolheram-no os galileus, porque tinham visto tudo o que fizera durante a festa em Jerusalém; pois também eles tinham ido à festa.

(Atos dos Apóstolos 17,6)
Mas como não os achassem, arrastaram Jasão e alguns irmãos à presença dos magistrados, clamando: Estes homens amotinam todo o mundo. Estão agora aqui! E Jasão os acolheu!

(Romanos 14,1)
Acolhei aquele que é fraco na fé, com bondade, sem discutir as suas opiniões.

(Romanos 14,3)
Quem come de tudo não despreze aquele que não come. Quem não come não julgue aquele que come, porque Deus o acolhe do mesmo modo.
(Romanos 15,7)
Por isso, acolhei-vos uns aos outros, como Cristo nos acolheu para a glória de Deus.

(II Coríntios 7,2)
Acolhei-nos dentro do vosso coração. A ninguém temos ofendido, a ninguém temos arruinado, a ninguém temos enganado.

(Gálatas 4,14)
e fui para vós uma provação por causa do meu corpo. Mas nem por isto me desprezastes nem rejeitastes, antes me acolhestes como um enviado de Deus, como Cristo Jesus.

(Filipenses 2,29)
Portanto, acolhei-o no Senhor com toda a alegria e tratai com grande estima homens assim.

(Colossenses 4,10)
Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, primo de Barnabé, a respeito do qual já recebestes instruções. (Se este for ter convosco, acolhei-o bem.)

(I Tessalonicenses 2,13)
Por isso é que também nós não cessamos de dar graças a Deus, porque recebestes a palavra de Deus, que de nós ouvistes, e a acolhestes, não como palavra de homens, mas como aquilo que realmente é, como palavra de Deus, que age eficazmente em vós, os fiéis.

SERVIR E ACOLHER

1º Humildade para servir e acolher a todos, sem distinção.

Mt 20, 25-28
25. Jesus, porém, os chamou e lhes disse: Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. 26. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. 27. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. 28. Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão.

Lc 10, 30-34
30. Jesus então contou: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto. 31. Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante. 32. Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante. 33. Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão. 34. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele.

2º Disponibilidade necessária para servir ao Reino de Deus.

Lc 9, 57-62
57. Enquanto caminhavam, um homem lhe disse: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que vás. 58. Jesus replicou-lhe: As raposas têm covas e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. 59. A outro disse: Segue-me. Mas ele pediu: Senhor, permite-me ir primeiro enterrar meu pai. 60. Mas Jesus disse-lhe: Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus. 61. Um outro ainda lhe falou: Senhor, seguir-te-ei, mas permite primeiro que me despeça dos que estão em casa. 62. Mas Jesus disse-lhe: Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

METANÓIA

Definição / Significado
metanóia sf (gr metánoia) 1 Transformação básica do pensamento ou caráter. 2 por ext Conversão espiritual. 3 Penitência.
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*1 "...Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento (metanóia)...

*2 Em grego, uma "mudança de mente" ou "mudança de intelecto": não apenas arrepender-se, constrigir-se ou lamentar-se, mas mais positiva e fundamentalmente a conversão ou a virada de nossa vida por inteiro em direção a Deus."

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*1 e *2 trechos retirados do site www.sophia.bem-vindo.net/

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Então...
METANÓIA, O QUE SIGNIFICA?


Metanóia" é uma palavra grega que significa "arrependimento", "conversão". Arrependimento e conversão que nos abrem as portas da Graça de Deus, a Graça que nos dá acesso ao caminho da santidade.

A Metanóia ajuda-nos a receber o dom das lágrimas, de que falava São Simeão o Novo Teólogo: "É impossível limpar uma veste suja na ausência de água e, sem lágrimas, mais impossível, ainda, é limpar e purificar a alma das suas manchas e impurezas". "O arrependimento faz jorrar lágrimas das profundezas da alma: as lágrimas purificam o coração e fazem desaparecer os grandes pecados".

Fonte www.ecclesia.com.br

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

TESTEMUNHAS DA TERNURA DE DEUS.

Carta Pastoral de D. António Marto sobre o Acolhimento e a Vocação

Caríssimos Diocesanos

Irmãos e Irmãs no Senhor


“A graça do Senhor Jesus esteja convosco. Eu amo-vos a todos em Cristo Jesus” (1Cor 16,23-24). Com estas palavras do Apóstolo Paulo saúdo-vos cordialmente e expresso-vos o meu fraterno afecto, bem como a minha gratidão pela vossa colaboração durante o meu primeiro ano entre vós.
Foi para mim verdadeiramente consolador sentir um povo interessado e entusiasmado em descobrir e celebrar a beleza e a alegria da vocação cristã. Pude verificá-lo, de modo mais visível, no bom acolhimento da carta pastoral e da carta às crianças, nas vigílias vocacionais, na grande peregrinação diocesana a Fátima, na celebração das ordenações sacerdotais e do jubileu das várias vocações, no reiniciar do pré-seminário e no grupo vocacional Santo Agostinho.
Não é possível medir o acontecimento de graça que, ao longo do ano, tocou as consciências e as comunidades, nem os frutos da semente lançada. Mas, no termo do ano pastoral, quero agradecer convosco as pequenas e grandes maravilhas que o Senhor fez por nós, com a oração do salmista: “Louvai o Senhor porque Ele é bom, porque é eterno o Seu amor” (Sl 118,1).
Hoje – após ampla consulta aos vários órgãos diocesanos, cujos preciosos contributos agradeço –, apresento-vos o percurso pastoral para o ano 2007/08 com o título “Testemunhas da Ternura de Deus”.


1. Uma paragem em Elim

A Sagrada Escritura, narrando-nos a caminhada do êxodo do povo de Deus através do deserto, diz a certa altura: “Chegaram a Elim onde estão doze nascentes e setenta palmeiras. E acamparam ali à beira da água” (Ex 15, 27).
O lugar de Elim, com as setenta palmeiras e as doze fontes, é um autêntico oásis que oferece ao povo, já fatigado pela longa caminhada, a possibilidade de parar, de retomar fôlego e de fazer o ponto da situação: onde estamos? Como vivemos esta caminhada? O que nos espera? Como e por onde nos conduz o Senhor? A que nos chama?
Este episódio serve para iluminar o nosso caminho pastoral já traçado pelo sínodo diocesano. Após o primeiro biénio dedicado ao acolhimento e à vocação cristã, também nós sentimos a necessidade de fazer uma paragem. Com isso queremos consolidar os dinamismos, as iniciativas e propostas, as acções que foram desencadeadas e corriam o risco de depressa serem esquecidas, sem lançarem raízes sólidas em todas as comunidades e vigararias.
É também um convite a saborear de novo, a gostar interiormente, a sentir como são deliciosos para nós os dons de Deus, concretamente os dons do acolhimento e da vocação, tão característicos da existência cristã.
Por isso, escolhemos como lema bíblico para este ano pastoral 2007/2008 a frase do salmista: “Saboreai e vede como é bom o Senhor” (Sl 34,9). Saboreai e vede, isto é, saboreai e então vereis, sereis iluminados pela bondade do Senhor, pela sua ternura; vereis como a vossa vida se ilumina e adquire grandeza e beleza. E, como símbolo, escolhemos a Bíblia porque contém os mais belos testemunhos da ternura de Deus e também para estarmos em sintonia com a preparação do próximo sínodo dos bispos sobre “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.
A temática do primeiro biénio pastoral estava centrada na “Vocação como dom e missão”.
Mas na base, como ponto de partida, pôs-se o “Acolhimento”. De facto, o acolhimento é o pressuposto, a atitude fundamental que nos abre a Deus, aos outros, ao mundo e, por conseguinte, à nossa vocação e missão. Antes de empreender e organizar iniciativas, devemos pôr-nos a questão: somos cristãos e comunidades capazes de acolher Deus e os outros?
Assim, nesta carta pastoral, retomo os temas do acolhimento e da vocação em conjunto, procurando conjugá-los e iluminá-los na perspectiva da ternura de Deus.

2. Um mundo inóspito que invoca ternura

Vivemos numa sociedade que, antes de mais, quer recuperar o valor do acolhimento porque sente que a vida se torna demasiado dura e fria se não há relação verdadeira e calorosa com os outros.
Pertencemos à era fascinante da comunicação global. E, todavia, hoje aumenta cada vez mais a pobreza relacional e o vazio de sentido.
Vivemos num mundo que se move e transforma a grande velocidade, que privilegia o ritmo empresarial e a eficácia imediata. Somos a primeira geração do stress e do zapping, símbolos do activismo frenético e da febre do consumismo de coisas, e de afãs tantas vezes inúteis. Não temos tempo para parar, olhar, escutar prestar atenção, acolher, cuidar do outro. Não temos tempo para Deus. Por isso a nossa sociedade encontra muita dificuldade em criar espaços, tempos, lugares e condições para o acolhimento. O acolhimento torna-se cada vez mais aleatório.
Um outro fenómeno é o crescente individualismo e o escasso sentido de comunidade. Cada um ocupa-se de si e dos seus interesses, pensa que pode realizar-se e ser feliz sem os outros. Ou vê o outro em função da sua própria realização pessoal. Este facto traz como consequência uma quebra de fraternidade e solidariedade entre as pessoas. As relações são dominadas pela competição agressiva e invasora.
Acresce ainda a cultura mercantilista que afecta as relações humanas. Vivemos num mundo onde tudo se compra e vende. O modelo do êxito social e de felicidade veiculado pelos “media” é o da aquisição do poder, do saber e do ter. Perde-se o sentido da gratuidade para com os outros, já desde a própria infância. Tende-se a marginalizar os que não têm poder nem eficácia produtiva.
À escala mundial assistimos ao fenómeno da mobilidade e da imigração que nos introduz numa sociedade e num tipo de convivência com diversas culturas e religiões. Mas tal facto traz consigo os problemas do desenraizamento e as dificuldades de acolhimento e integração daquele que é diferente. Esta diversidade cultural pode tornar-se num enriquecimento, mas também pode suscitar reacções de xenofobia, de violência e transformar-se num “choque de civilizações” e de culturas.
O estilo de vida frenético e consumista, o individualismo e a indiferença, a ambição e a avidez desenfreada, a cultura mercantilista produzem o drama moderno da incomunicabilidade, do anonimato, da solidão existencial. Por vezes temos a sensação de vivermos num “arquipélago de solidões” em que cada um se sente uma ilha no meio de muita gente, estranho ao outro e, por fim, estranho a si mesmo.
Tudo isto repercute-se na questão fundamental de cada pessoa sobre o sentido a dar à sua vida, isto é, na questão da vocação. Numa sociedade fragmentada e confusa, a vida torna-se para muitos apenas uma coisa ocasional a usar e gozar no momento presente, sem projecto. Outros sentem-se “perdidos”, sem bússola, e por isso sem norte e sem rumo. Sintomas disso são o alto número de doenças psíquicas ligadas à solidão, ao stress, ao vazio interior e a busca de seitas onde muitos encontram acolhimento com a aceitação de regras claras e seguras. É muito significativo que, nos países onde as grandes religiões diminuem em número de fiéis, proliferam seitas, bem como grupos de terapia, de auto ajuda…
Que sociedade se está a construir no início do terceiro milénio? Que futuro se está a preparar?
Numa leitura evangélica dos sinais dos tempos, nós, cristãos descobrimos nesta situação um desafio e uma vocação. Trata-se de criar uma cultura da ternura e do acolhimento, da comunhão e da solidariedade, como alternativa à anti-cultura do egoísmo, da indiferença, da dureza e da frieza de relações, da divisão e da violência. Mas devemos começar por nos interrogar a nós mesmos: qual a qualidade do nosso acolhimento nas relações interpessoais, na família, na comunidade cristã? Oferecemos propostas sérias para o discernimento da vocação cristã no mundo de hoje, sobretudo aos jovens? Não nos deixámos contaminar pela lógica do mundo?
Sempre me impressionou, profundamente, a reprovação que Heinrich Boll, prémio Nobel da Literatura em 1972, dirige aos católicos: “Aquilo que até hoje faltou aos mensageiros do cristianismo é a ternura” aos vários níveis: de comunicação, de vida afectiva, de compromisso social. Sem ternura não há vida, não há beleza, não há felicidade!

3. O Evangelho da Ternura

O Deus de Jesus Cristo convida-nos, através do salmista, à contemplação deslumbrante do seu mistério de Amor: “O Senhor é bom para com todos; cheio de ternura para com todas as suas criaturas” (Sl 144,9). E pede-nos que nos tornemos, uns com os outros e uns para os outros, testemunhas da Sua ternura, se queremos que a casa do mundo possa ser acolhedora para todos e generosa para com todos. Levar a ternura de Deus ao mundo é levar a salvação do Evangelho.
O acolhimento de que falamos não é o que se oferece num hotel ou num aeroporto ou numa agência bancária. Não é uma estratégia para captar ou fidelizar clientes. É antes um estilo de vida. Acolhemos o outro a partir da nossa identidade de discípulos de Jesus Cristo e do Seu Evangelho. Este acolhimento requer pois uma espiritualidade que o sustente e uma pedagogia que o configure a partir da fé.
Deus é Amor. Por isso é Deus da ternura. As entranhas da Sua ternura manifestam-se como acolhimento puro. E o nosso próprio acolhimento é um dom de Deus, reflexo da sua ternura. A Bíblia narra histórias maravilhosas de acolhimento e hospitalidade de Deus para com os homens e destes para com Ele, que são também histórias de vocação e que vamos contemplar e meditar.

3.1 Deus é o primeiro a acolher-nos

3.1.1 “E Deus viu que tudo era muito bom e belo”: o encanto do primeiro acolhimento

Logo nos primeiros capítulos, o livro do Génesis mostra-nos como e quanto Deus é acolhedor das suas criaturas. É com uma exclamação cheia de encanto e de deslumbramento, terna e amorosa, que Deus acolhe o homem e a mulher, a obra-prima da sua criação, à sua imagem e semelhança: “ E Deus viu que era muito bom e belo” (Gn 1,31)!
E o capítulo segundo, num estilo narrativo-simbólico, põe-nos a contemplar Deus como o Artista divino que modelou o homem e lhe “soprou um alento de vida” (Gn 2,7). O verbo “soprar”, na língua original (naphah), admite também o significado de “dar um beijo”: a criatura humana recebe no seu rosto um beijo de Deus, símbolo de ternura e intimidade, tal como o primeiro beijo da mãe ao acolher, em seus braços, o filho que acaba de dar à luz!
De seguida, é-nos apresentado o homem na sua solidão existencial: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2,18). Esta solidão prepara-o para o acolhimento da mulher, o seu semelhante, que não encontrara no mundo infra-humano. E como que despertando de um sono e de um sonho ansiado, o homem acolhe-a com um hino de júbilo: “Finalmente, esta é carne da minha carne, osso dos meus ossos” (Gn 2,23). O ser humano adverte que, só acolhendo o outro, se torna plenamente humano.
Criando-os à Sua imagem e semelhança, Deus inscreveu no coração de cada homem e de cada mulher a capacidade e a vocação de amar, de acolher.
Deus, porém, continua a acolher o homem ao longo da história com as suas alegrias e tristezas, com as suas fragilidades e fadigas. Jesus, o Filho de Deus feito homem, é um ser de acolhimento. Ao longo do Evangelho podemos contemplar a qualidade e a universalidade do Seu acolhimento.

3.1.2 “Se conhecesses o dom de Deus”: acolhidos nas nossas fragilidades

O encontro entre a Samaritana e Jesus junto ao poço de Jacob (Jo 4,1-42) é bem conhecido.
Num país onde a água é rara, os poços de água são lugares privilegiados de encontros e comunicação, de conflitos e reconciliação, de recordações e surpresas do quotidiano da gente.
Sozinha, com o cântaro vazio, à hora de maior calor talvez para não encontrar ninguém, esta mulher solitária chega ao lugar onde Jesus está sentado. E é surpreendida pela iniciativa da palavra de Jesus: “Dá-me de beber.” Surpresa para a mulher, que um judeu fale a uma samaritana; e para os discípulos, que o Mestre fale à primeira mulher que encontrou. A palavra do Mestre começou por derrubar as barreiras sociais, culturais e religiosas. Como se quisesse pôr em comunicação pessoas e mundos que as sociedades e religiões fecham nas suas particularidades e preconceitos.
Para Jesus, o que conta é a pessoa concreta, única, amada por Deus. Assim, o encontro casual junto ao poço de Jacob torna-se ocasião para entrar no “poço profundo” da consciência e da vida atribulada da mulher samaritana.
Com uma pedagogia humano-divina, Jesus aceita, de início, que o diálogo comece pelas coisas banais, por lugares comuns, feito até com alguma ironia. Mas depois, lenta e delicadamente, entra no coração da samaritana. Leva-a a interrogar-se, a entrar no profundo dos seus problemas, a confessar as desilusões e amarguras da vida e a abrir-se à novidade de Cristo: “Se conhecesses o dom de Deus!”.
O encontro com a samaritana revela como Jesus acolhe a partir da situação espiritual concreta da pessoa, com uma grande e delicada atenção, sem pretender dominar, sem fazer juízos nem proferir condenações à partida; mas também sem se deixar capturar, condicionar e bloquear. Antes, ajuda a superar os bloqueamentos.
O Senhor revela à sua interlocutora uma experiência surpreendente: um caminho para o interior de si mesma que a abre ao exterior, que a conduz ao Deus vivo e aos outros. O caminho vivo de Amor e a vocação a testemunhá-lo.
No final, ela reconhecerá e acolherá abertamente o “dom de Deus” que transcende toda a discriminação de pessoas e todas as barreiras interiores e exteriores: esse dom é Jesus, o Cristo, a fonte de água viva, que sacia toda a sua sede, todo o desejo de viver.
Tendo-O escutado até ao fim, a mulher, abandonando o seu cântaro, correu à cidade a testemunhar esta experiência de Cristo e da Sua Palavra que transformou e transfigurou a sua vida. Ei-la missionária de Cristo!
A samaritana é figura de todos nós; é a nossa sociedade desiludida depois de tantas experiências e promessas, tentada a fechar-se sobre si, sobre os seus egoísmos e as suas desilusões, sobre o tédio da vida, mas à espera de ser acolhida por Alguém que a ajude a retomar respiração, ânimo e entusiasmo, a reencontrar o melhor de si mesma.

3.1.3 “Fitando nele o olhar, amou-o”: acolhidos apesar da recusa

O encontro do jovem rico com Jesus (Mc 10,17-22) não é ocasional. É desejado e procurado: “o jovem corre para Ele, ajoelha-se, pergunta e escuta”.
Trata-se de um jovem rico, uma pessoa com possibilidades, energias, talentos, riquezas. Pelo seu modo de agir e falar aparece como um jovem simpático, religioso enquanto cumpre e respeita formalmente a religião, procurando agir correctamente, preocupado pelo que faz e lhe falta ainda fazer.
Olha para Jesus como alguém em quem põe a sua confiança, com quem pode falar sobre as suas interrogações existenciais sem medo de ser mal entendido. E põe-lhe a questão mais importante e mais séria sobre o sentido a dar à sua vida, para que seja vida verdadeira, plena e feliz: “Que devo fazer para alcançar a vida eterna?”.

“Jesus fitando nele o olhar, amou-o” – diz o texto. Quer dizer, Jesus acolheu-o com amor.

Com o seu olhar de afecto, manifestou-lhe a sua ternura, ofereceu-lhe a sua amizade, fê-lo sentir no centro da própria atenção, valorizou a sua boa vontade e a sua rectidão, mostrou-lhe quanto é precioso aos seus olhos e digno de estima.
E responde à sua questão de fundo convidando-o a dar um salto qualitativo na sua vida: abrir-se à novidade do Evangelho e à beleza da santidade de vida. O que Jesus lhe propõe é a liberdade do coração para O seguir e partilhar a riqueza dos seus bens e talentos com os que precisam. Mostra-lhe o caminho da vocação cristã em que se realiza o homem e a sua dignidade. Porém, o jovem partiu triste e, porventura, desiludido com Jesus.
Estava disposto a observar as regras fundamentais da vida, mas fechado no mundo das suas coisas e seguranças. Não acolhe a novidade de Jesus. Chegou à fronteira duma nova etapa e vocação da sua vida, mas não teve a coragem de a transpor. Ficou só com a religiosidade da lei de não fazer mal aos outros (não mato nem roubo), mas sem ir mais longe.
Parece-nos um “falhanço” pastoral de Jesus! Estamos diante do mistério do dom da fé e da liberdade do homem. Mistério que requer respeito!
Os encontros de Cristo contêm uma espiritualidade e uma pedagogia do acolhimento. Para Jesus, cada pessoa é única, com o seu nome próprio, o seu rosto, a sua história. Através de um procedimento progressivo e revelador, Jesus valoriza, purifica e leva à verdade plena o desejo de vida, de amor, de verdade, de alegria e esperança que move o coração e a liberdade de cada pessoa.

3.2 Chamados a acolher Deus e os seus dons

3.2.1 “Não passes adiante sem parar em casa do teu servo”: acolher Deus no quotidiano


É clássico o episódio do acolhimento de Deus por Abraão junto ao carvalho de Mambré (Gn 18,1-15) onde está acampado. Vemos aí três personagens, desconhecidas e misteriosas, acolhidas por Abraão e Sara. Prometem que Sara gerará um filho na sua velhice. Abraão descobre nesta visita inesperada a passagem de Deus, a significar que Deus chega sempre de surpresa: “Senhor, peço-te que não passes adiante sem parar em casa do teu servo”.
A hospitalidade generosa de Abraão é-nos descrita com traços de significado místico-simbólico. Configura-se como uma liturgia do acolhimento, uma festa de alegria do encontro à mesa. Oferece o melhor que tem, dá-lhe o lugar central; dá-lhe o tempo que é necessário e não à pressa. Tem tempo para Deus.
O gesto de Abraão indica que a experiência espiritual da fé exige uma tomada de consciência da presença de Deus no nosso quotidiano. Querendo que Deus pare em sua casa, Abraão deseja que Deus se torne familiar. A vida de fé traz em si o desejo de não deixar que Deus passe ao lado, de O acolher “em casa ”. Deus quer ser acolhido: e quando O acolhemos, Ele torna fecunda a nossa vida, abre-nos um futuro novo, desperta em nós o sentido do outro e da missão, a vocação.

3.2.2 “Sentada aos pés do Senhor, escutava a Sua Palavra”: acolher a Palavra

Esta página do Evangelho (Lc 10, 38-42) mostra-nos Jesus acolhido por Marta e Maria em sua casa, onde ele gostava de saborear a amizade, a intimidade, o repouso sereno.
Marta, como boa dona de casa, dispõe-se a preparar tudo para um acolhimento digno de tão estimado hóspede. Maria “sentada aos pés do Senhor, escutava a Sua palavra”. Marta mostra-se agitada, inquieta, perturbada, ansiosa e impaciente pelas muitas coisas a fazer, e pede a Jesus que reprove o aparente desinteresse de Maria. E a resposta de Jesus soa como uma advertência afectuosa: “Marta, Marta, andas tão inquieta e perturbada, mas uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte que não lhe será tirada”.
Não se trata aqui de uma lição de cortesia, de boas maneiras. Jesus não é tão ingénuo que desconheça tudo o que é preciso fazer para receber bem um hóspede. A frase de Jesus constitui um pequeno “evangelho”: é o anúncio da Palavra que pode preencher o coração, salvando-o da dispersão das muitas coisas. Quer salvar do perigo de perder o valor da Sua visita, da Sua presença, da Sua palavra sobre Deus e sobre o mistério da vida.
Os traços do carácter de Marta podem ser vistos no homem moderno: o homem frenético, doente da pressa e da ansiedade crónica, que cai num activismo sem profundidade, vazio de interioridade, com a ânsia de fazer muitas coisas. E corre o risco de perder o centro de gravidade, o sentido do essencial.
As muitas coisas impedem não só a escuta, mas também o verdadeiro serviço. Fazer muito é sinal de amor; mas também pode fazer morrer o amor, até na família, quando desvia a atenção para as coisas em detrimento das pessoas. Acolher não é só fazer ou dar coisas, mas, antes de mais, é dar atenção à pessoa, fazer companhia, dar tempo e espaço para escutar a Palavra.
Maria é o símbolo do discípulo e da Igreja à escuta de Cristo: abre-lhe o seu coração, deixa-o entrar na sua vida, cultiva a amizade pessoal com Ele, consciente de que “nem só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra que sai da boca de Deus”.
Também, nesta história, Aquele que é acolhido é o mesmo que vem para acolher, para dar uma Palavra de vida, de luz, de esperança, de alegria e de paz. Esta é a “parte melhor” que não será retirada: o que dá consistência e sentido à vida do discípulo, aquilo que permanece e não passa.
“Feliz aquele que escuta a Palavra e a põe em prática”, diz Jesus, conjugando assim as atitudes do acolhimento completo: o coração disponível, à escuta, de Maria e as mãos serviçais de Marta. A Palavra acolhida é um dom que contém em si a vocação à missão, ao serviço, ao testemunho.

3.2.3 “Hoje, a salvação entrou nesta casa”: acolher a Misericórdia

Vejamos ainda a narração admirável do encontro de Zaqueu com Jesus (Lc 19,1-10). A personagem de Zaqueu é-nos descrita com cores negativas: “chefe dos publicanos e rico”. É colaboracionista do poder romano, um odiado cobrador de impostos, corrupto, ávido de lucro e escravo do dinheiro, desprezado pelo povo, temido mas isolado. É um pecador público.
E, todavia, este homem tem uma ansiedade interior: “Procurava ver Jesus” e soube aproveitar a ocasião de uma passagem irrepetível de Jesus pela cidade.
Provavelmente tinha mais do que simples curiosidade; talvez uma insatisfação, uma inquietação interior. Intui que Jesus tem algo de misterioso e fascinante que o atrai. Adverte que Jesus pode fazer algo por ele. Sente-se pequeno e distante, mas arrisca, até ao ridículo, subindo a uma árvore.
E Jesus, passando “levantou os olhos” e disse-lhe uma palavra imprevista, extraordinária, inesperada: “Zaqueu, desce depressa, porque hoje devo hospedar-me em tua casa”. E Zaqueu acolhe-o “cheio de alegria”, expressão típica de S. Lucas que manifesta bem a consequência interior de acolher Deus.
A entrada de Jesus naquela casa é a entrada da misericórdia. Ao acolher Jesus, Zaqueu acolhe a misericórdia. É essa experiência de misericórdia, e só ela, que abre o coração de Zaqueu à generosidade (“darei a metade dos meus bens aos pobres; e se defraudei alguém, restituirei quatro vezes mais”). De cobrador passa a dador. Ganha uma nova sensibilidade para os outros dando-lhes muito mais do que é devido: ao receber ele próprio mais do que merecia (a entrada de Jesus em sua casa), dá muito mais do que os outros merecem. Podemos ver isto em perspectiva vocacional: quem não (se) dá, é porque não recebeu; quem não vive a sua vocação é porque não acolheu a ternura, o amor terno de Jesus.
Notemos que este encontro acontece por iniciativa de Jesus, do seu olhar de amor, que procura Zaqueu superando todos os obstáculos, como a sua condição de pecador ou a hostilidade e a crítica da multidão que se escandaliza e murmura
A própria busca de Zaqueu é acolhida, valorizada, purificada e regenerada de tal modo que, de curiosidade inicial, se transforma em acolhimento alegre de Jesus e em generosa vocação a segui-Lo.

3.3 “Acolhei-vos uns aos outros como Cristo vos acolheu”: o acolhimento fraterno

O acolhimento de Cristo na fé prolonga-se no acolhimento de Cristo nos irmãos: “Quem acolhe um destes pequeninos, é a Mim que Me acolhe; e quem Me acolhe a Mim, acolhe o Pai que Me enviou” (Mc 9, 37). Mais rica e paradoxal é outra afirmação de Jesus, no contexto do juízo final: “Eu era estrangeiro e vós acolhestes-Me” (Mt 25, 35). Aqui está toda a espiritualidade específica do acolhimento cristão.
Por isso, S. Paulo, depois de ter contemplado o mistério de Cristo em dimensão universal, exclama na carta aos Romanos: “O Deus da perseverança e da consolação vos conceda os mesmos sentimentos de uns para com os outros segundo Jesus Cristo, para que, com um só coração e uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, acolhei-vos uns aos outros como Cristo vos acolheu para glória de Deus” (15, 5-7).
S. Paulo vê no acolhimento uma expressão da vocação cristã e da realização da lei de Cristo. Convida-nos a ter o nosso olhar fixo em Jesus para nos acolhermos mutuamente. Ele acolheu todos para nos reunir numa única grande família de irmãos, filhos do único Pai. Viver como cristãos significa, pois, viver acolhendo-nos no amor recíproco. Não se trata de um mero altruísmo ou de uma filantropia natural. Exige uma conversão do coração, uma mudança de estado de espírito. No sentido cristão do termo, o acolhimento fraterno é modelado pelo Evangelho de Jesus e pela graça de Deus.


Assim, a partir daqui, podemos ver as suas características:

O acolhimento é, antes de mais, abertura relacional. É mais amplo que a simples ajuda, porque significa abrir-se à pessoa e não só às suas necessidades. Significa abrir o coração e não só dar ajuda; tratar o outro como a si mesmo e nele servir o Senhor de todo o coração. Tudo começa pelo apreço do outro, pela atenção, escuta, diálogo, respeito e delicadeza.

O acolhimento implica a disponibilidade. Para que o outro possa ser recebido como um ser único é preciso tempo, a fim de que a pessoa possa “dizer-se”, exprimir-se, sentir-se à vontade, desafogar os seus problemas, as suas dores por vezes profundas e ocultas. Isto não suporta a precipitação.

O acolhimento cristão é solidariedade, comunhão e partilha nas alegrias e tristezas, sem qualquer sentimento de superioridade ou relação paternalista. Assim resultará num enriquecimento mútuo.

O acolhimento cristão é também universal, sem fazer acepção de pessoas, sem restrição nem segregação. Por isso, estende-se em diversas direcções: em relação ao próximo que vive continuamente a nosso lado (familiar, vizinho, companheiro de trabalho); ao diferente, àquele que não pensa, nem vive como nós, que não é da nossa religião, do nosso partido, da nossa raça, da nossa formação; ao “indiferente”, ao marginalizado, excluído, que faz parte da multidão de anónimos, com quem não há nenhuma relação; e, por fim, até ao inimigo, ao adversário, através do perdão, da comunicação reencontrada que nos leva a ultrapassar as atitudes de ódio, vingança e desprezo.

O acolhimento e o cuidado dos outros é ainda um lugar e um caminho para despertar e descobrir a vocação e as diferentes vocações na Igreja. Deus chama-nos também através das necessidades da Igreja e do mundo. Quantos e quantas descobriram, deste modo, a sua vocação ao sacerdócio ou à vida religiosa e missionária!

4. A Igreja, “casa e escola” do Acolhimento

A Igreja, porque é habitada pelo Espírito de Jesus – que é Espírito de caridade e comunhão – é pois, por natureza e vocação, “casa e escola” de acolhimento cristão.
Não é, então, possível imaginar o acolhimento como uma prótese, um suplemento das comunidades cristãs delegado a alguns “especialistas” ou profissionais de relações públicas. Toda a pessoa é um apelo que pede para ser acolhida e escutada.
O acolhimento é como um livro aberto onde cada um de nós pode ler que também à sua vida, tão cheia de coisas, falta o “único necessário”, que é a capacidade de relação, de partilha, de amor, de dedicação, e vocação ao serviço dos outros.
Na atitude de acolhimento e em comunidades acolhedoras é onde a nossa civilização encontrará os novos “poços de Jacob” para saciar a sua sede, abrigar-se do calor abrasador, receber o dom da vida verdadeira. É aqui que muitos homens e mulheres encontrarão remédio para a solidão.
A pastoral do acolhimento é pois um elemento constitutivo e básico da Igreja que revela o coração de Cristo cheio de ternura, misericórdia e esperança. O acolhimento deve dar uma alma e um pouco de coração, de afecto e calor humano às relações, à vida e às estruturas de cada comunidade. Assim, apresentamos algumas pistas de acção a serem reflectidas em cada comunidade, para um exame de consciência e iniciativas pastorais concretas.

4.1 Cultivar a espiritualidade do acolhimento

Antes de programar iniciativas concretas é preciso promover uma espiritualidade do acolhimento e da comunhão.
Em primeiro lugar, esta espiritualidade tem a sua fonte na oração e em toda a celebração litúrgica. A oração é, antes de mais, um momento de acolhimento em que se escuta Deus que fala à mente e ao coração, em que nos deixamos acolher por Deus que vem ao nosso encontro, nos precede, acompanha e chama a colaborar com Ele.
Ele é o primeiro que nos acolhe tal como somos e na situação em que nos encontramos. É Ele que dilata o nosso coração e o abre aos outros. Mas o acolhimento de Deus requer o nosso recolhimento. É necessário estar disponível, ter tempo para Deus.
Nesta linha, propomos viver a Quaresma como um tempo de recolhimento, dando-lhe o carácter de um “retiro popular”, isto é, para todo o povo de Deus: cada comunidade reunir-se-à uma vez por semana, para meditar sobre a espiritualidade e a pastoral do acolhimento e da vocação cristã. Para isso ofereceremos, a seu tempo, as meditações quaresmais, sob a forma de leitura familiar e orante da Palavra de Deus (Lectio divina), que nos põe à escuta de Deus e nos faz sentir que a Sua Palavra não é longínqua nem impessoal, mas fala hoje, pessoalmente, ao coração de cada um. Peço aos párocos que façam, atempadamente, uma especial sensibilização e organização do povo de Deus para este aspecto.

4.2 Presença de proximidade na paróquia

A paróquia é a presença viva e visível da Igreja de Jesus no meio das casas dos homens. Não há-de ser vista como estação de serviços religiosos, mas como casa de acolhimento fraterno das pessoas e de experiência significativa do Evangelho. É preciso, pois, incrementar e dar qualidade evangélica à dimensão do acolhimento, como expressão de um amor que a todos abraça: homens e mulheres, fracos e fortes, entusiastas e desiludidos, estranhos e conhecidos. Significa dar testemunho de uma Igreja interessada mais nas pessoas que nas estruturas, dialogante, calorosa.
A presença de proximidade exprime-se em tecer relações próximas, directas com todos os seus habitantes, cristãos ou não, participantes da vida da comunidade ou à sua margem.
Nada na vida das pessoas, acontecimentos alegres ou tristes, deve escapar à presença discreta e activa da paróquia, feita de proximidade, de atenção e partilha. Por isso há que cuidar, à partida, de aspectos e atitudes fundamentais:


- No serviço pastoral dedicar mais tempo a cada pessoa, escutá-la, estar a seu lado nos acontecimentos mais importantes e ajudar a buscar, com ela, as respostas às suas dificuldades e necessidades. Façamos com que todos, ao serem e sentirem-se valorizados, se possam sentir na Igreja como na sua própria casa;

- Programar o acolhimento em forma de “rede de relações” de conhecimento, amizade, convite, colaborações, através de pessoas dedicadas e idóneas para os vários âmbitos. Trata-se de criar e valorizar o ministério do acolhimento que é como que o “cartão de visita” duma comunidade;

- Cuidar do atendimento a quem vem pedir um serviço ou informação ou expor um problema, através de um estilo de atenção, delicadeza, escuta, paciência, compreensão e disponibilidade de tempo programado (que entra nos programas) de modo que as pessoas se sintam à vontade. São contrárias a este estilo as atitudes de frieza, indiferença, falta de gentileza ou o querer despachar de qualquer modo e o mais rapidamente possível;

- Dar vida a pequenos grupos ou comunidades onde seja possível viver melhor o acolhimento fraterno (a escuta recíproca, a partilha, a oração) e relações mais próximas e familiares;

- Aproveitar ou criar o “dia da comunidade paroquial” como ocasião para sair das relações anónimas, para o mútuo conhecimento, para derrubar barreiras e incrementar o sentido de família e de fraternidade.

Nos momentos mais significativos da vida

Nos momentos mais importantes e significativos da vida, alegres ou tristes, de êxito ou fracasso – nascimento, casamento, morte – é quando aflora, mais ou menos fortemente, à consciência e ao coração humano o sentido do sagrado e da transcendência, a dimensão espiritual que envolve a existência humana. São ocasião de uma maior aproximação à Igreja para pedir os sacramentos. São momentos carregados de fortes emoções. Muitas pessoas vivem afastadas da Igreja, com uma fé ténue; sem saber o que é preciso fazer e sentem-se embaraçadas num ambiente que não lhes é habitual.

Nestas situações requere-se um acolhimento muito próprio de empatia, delicadeza e compreensão, de esclarecimento inteligente e paciente, de diálogo sereno.
Há que valorizar estes momentos com propostas em ordem a uma boa preparação e a uma boa celebração do baptismo e do matrimónio para que os dons de Deus sejam acolhidos, por quem os pede, com seriedade, dignidade, verdade e beleza.
Esta mesma sensibilidade e empatia são necessárias para o acolhimento relativo ao sacramento da reconciliação e à celebração dos funerais. Neste último aspecto, todos sabemos o que representa a dor da perda de uma pessoa querida. A comunidade cristã sente-se interpelada a manifestar os seus sentimentos de comunhão com a família enlutada. Quando for possível e oportuno, com a colaboração das irmandades e confrarias e de outros animadores leigos, pode propor às famílias um momento de oração no lugar do “velório”, preparando-o cuidadosamente. Além disso, podem envolver-se os familiares na celebração confiando-lhes a leitura da Palavra ou a formulação das intenções dos fiéis. E como é importante a homilia de estilo meditativo e afectuoso! Não há nada de mais irritante que uma prédica de lugares comuns ou fria como um acto notarial.

Nas situações de fragilidade

Um acolhimento particular, solidário e afectuoso, deve ser reservado às pessoas em situação de maior fragilidade, por motivo de qualquer forma de pobreza ou de sofrimento.

Penso, em primeiro lugar nos doentes, nos idosos e nas pessoas portadoras de deficiência juntamente com os seus familiares. É um aspecto para que as nossas comunidades já estão bastante sensibilizadas e a que vão procurando dar resposta. Mas ainda há muito a fazer e a melhorar. Neste momento, gostaria, sobretudo, de lembrar aos catequistas e aos párocos a situação das crianças portadoras de deficiência, na catequese e nos sacramentos de iniciação. Estas crianças, capacitadas de modo diferente, também apreendem a mesma fé, ainda que de modo diverso. É necessário ter isto presente para que, de modo nenhum, sejam discriminadas, prejudicadas e muito menos humilhadas.
Hoje batem à porta das nossas comunidades cada vez mais pessoas com problemas ou perturbações de ordem psíquico-espiritual, com uma fragilidade interior a toda a prova. Para elas é necessário criar espaços e condições de acolhimento, escuta, aconselhamento, acompanhamento e oração que levem à cura ou ao alívio das suas feridas, através de pessoas idóneas, preparadas para isso. Uma cura que, por vezes, é uma longa viagem de libertação e de reconciliação com Deus, consigo mesmas e com os outros. Com esta finalidade propomo-nos constituir um grupo multidisciplinar de voluntários no Santuário de Fátima. E organizaremos também um seminário para partilha de experiências e reflexão sobre este problema.
Um outro tipo de pessoas em situação de fragilidade é o dos imigrados, estrangeiros, diversos de nós pela sua cultura, pelos seus costumes, pela sua língua e pela sua religião. O nosso acolhimento manifestar-se-à na convivência fraterna e em ajudar a criar espaços e condições para a sua integração.

Nas famílias

A família é o lugar primordial da ternura e do acolhimento. E, no entanto, em muitas famílias, vivem-se situações silenciosas de azedume, de amargura, de ressentimento e de ruptura entre cônjuges e entre pais e filhos, que se prolongam porque cada um se fecha no seu casulo, no seu mutismo e não se cultiva o acolhimento quotidiano, sincero e transparente, respeitador e sereno. Porque não recuperar a oração em família, ao menos uma vez por semana, que ajuda a abrir e pacificar os corações?

Quero deixar aqui uma palavra esclarecedora e pacificadora a propósito de duas situações familiares hoje muito frequentes.
Que fazer quando um filho segue o seu caminho, mas que é contrário aos princípios e valores dos pais, por exemplo, quando opta por uma “união de facto”? Naturalmente estes pais têm o direito de dizer ao filho que, no seu modo de ver, tal comportamento não é correcto. Será necessário dizê-lo de modo claro, leal e respeitoso. Mas, uma vez esclarecido o assunto, é preciso acrescentar: “continuamos a ser os teus pais, não te fechamos a porta. Porque o sofrimento que sentimos e a provação que sofrem as nossas convicções religiosas não nos eximem do primeiro dever de pais, o de amar o nosso filho apesar de tudo”.
A outra situação refere-se aos divorciados recasados que querem conservar a sua fé. É um dos problemas mais delicados na Igreja de hoje. Que acolhimento lhes reserva a Igreja? Só diz ou só pode dizer mal do segundo casamento?
Antes de mais, só Deus conhece o coração de quem se divorcia e volta a casar. Só Ele julga da sua culpabilidade. Nem todos os casos são iguais. Mas, objectivamente, o novo casamento depois do divórcio não pode ser reconhecido pela Igreja, por fidelidade ao Evangelho do matrimónio uno e indissolúvel. Por isso, a Igreja lhes pede que se abstenham dos sacramentos. Mas isso não significa que estejam ex-comungados da Igreja: “os divorciados recasados, não obstante a sua situação, continuam a pertencer à Igreja, que os acompanha com especial solicitude na esperança de que cultivem, quanto possível, um estilo cristão de vida, através da participação na Santa Missa ainda que sem receber a comunhão, da escuta da Palavra de Deus, da adoração eucarística, da oração, da cooperação na vida comunitária, do diálogo franco com um sacerdote ou mestre de vida espiritual, da dedicação ao serviço da caridade, das obras de penitência, da educação cristã dos filhos” (Bento XVI, Sacramentum Caritatis, 29).
Apesar da atitude rigorosa da Igreja, não é esta, de algum modo, uma boa palavra de acolhimento para eles? Mas é dita raramente e quase nunca no momento oportuno...

4.3 Acolher o dom da vocação: uma chama que ama e chama!

No ano passado, propusemo-nos descobrir a beleza e a alegria da vocação cristã. Agora, ao longo desta carta, consideramo-la na perspectiva da ternura de Deus e do acolhimento: acolher a vocação (chamamento) como dom da Sua ternura. A vida é bela porque Deus nos ama e chama; e é séria porque Deus nos confia uma missão.
De facto, aquele que acolhe e recebe a ternura de Deus, sente-se, por sua vez, chamado a testemunhar, comunicar e servir aos outros essa ternura que quer estender-se a todas as criaturas. Todas as vocações são um raio da beleza da ternura de Deus que quer encher o mundo: a vida laical de quem assume a vida e o trabalho no mundo na fidelidade ao Evangelho e como uma missão em ordem ao desenvolvimento justo, solidário, fraterno e acolhedor para todos; o matrimónio como primeiro lar e comunidade particular da ternura de Deus no mundo; o sacerdócio de quem sente arder a ternura de Deus dentro de si e se oferece todo para ser servidor dos dons da ternura de Deus (palavra, sacramentos, comunhão fraterna) aos homens; a vocação de especial consagração ao Senhor, na vida religiosa, missionária ou laical, para testemunhar, de modo profético, o amor à ternura de Deus e a sua universalidade, sobretudo aos pequeninos e aos mais necessitados.
O nosso objectivo é imprimir um novo ardor à pastoral vocacional, levando-a ao coração de cada comunidade cristã para que a sinta e assuma como elemento constitutivo da experiência de fé viva e como uma responsabilidade que a todos diz respeito. O próprio símbolo do ano vocacional, a lamparina a arder e a passar de comunidade em comunidade, é muito significativo também para este ano: uma chama (ternura de Deus) que ama e chama! Importa manter esta chama acesa no coração e na pastoral.
Assim propomo-nos reavivar e consolidar as acções mais significativas que já iniciámos: continuar a “grande oração pelas vocações” sobretudo com uma vigília, particularmente destinada a adolescentes e jovens, em cada vigararia; manter o funcionamento do “grupo vocacional Santo Agostinho” para os jovens seriamente interessados na descoberta da sua vocação e incrementar o pré-seminário para os interessados no discernimento da vocação sacerdotal; aproveitar a preparação para o Crisma como um particular momento vocacional; criar o grupo de animadores vocacionais nas vigararias ou na paróquia.

5. Nossa Senhora da Ternura e do Acolhimento

Maria, mãe de Jesus, é a Mãe da ternura. Contemplá-la é contemplar a ternura de Deus e as maravilhas que esta realiza quando a criatura humana se abre e acolhe a Palavra de Deus e a Sua graça.
Ninguém mais do que Maria é o símbolo do acolhimento, precisamente porque ninguém como ela acolheu o Filho de Deus no seu coração e no seu seio – a ternura de Deus encarnada. Com o “Sim” acolhedor da fé respondeu à vocação, dispondo-se inteiramente a colaborar, como Mãe, na dádiva da ternura de Deus à humanidade. Acolhe o dom e dá-o, por sua vez, partilha-o, como no encontro com Isabel. Aí vemos como o acolhimento de Deus faz brotar o reconhecimento alegre da Sua bondade, no cântico do Magnificat, o cântico da Ternura de Deus de geração em geração.
A Ela confiamos a realização do nosso caminho pastoral:

Ó Virgem Maria,
Mãe da Ternura,
Rainha do acolhimento e da comunicação,
Senhora do sim ao chamamento do Pai,
Tu, espelho fiel do rosto da ternura de Deus:
Alcança-nos a graça de sermos Igreja do acolhimento,
Casa aberta para todos.
Ajuda-nos a ser como Tu:
Acolhedores e testemunhas da ternura de Deus,
Atentos às necessidades dos irmãos,
Generosos no sim à vocação a que o Senhor nos chama.
Acompanha e guia a nossa Igreja no seu caminho pastoral!


Saúda-vos afectuosamente,
+ António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

8 de Setembro de 2007
Festa da Natividade de Nossa Senhora

Documentos D. António Marto 12/09/2007 12:41 41847 Caracteres 696 Diocese de Leiria-Fátima

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Nossas Potencialidades

Cabe-nos despertar o artista, o sábio, o juiz, o guerreiro e o humorista que está em nós.

Habita em nosso íntimo um reino de potencialidades e possibilidades. Escutar nosso interior e liberar os dons internos muito contribui para a descoberta de nossas capacidades e carismas.

1. O artista. Mora dentro de nós o artista, a capacidade estética, o desejo de criatividade, a ânsia de transformação, o encantamento por novas idéias, a atração pela beleza. É preciso dar espaço para o nosso artista, não engarrafá-lo nem imobilizá-lo. Valorizemos a sabedoria popular, o artesanato, a cultura, a religiosidade. Há tesouros a serem descobertos. Recuperemos o encantamento, o maravilhamento, o assombro, a admiração, a comoção. A beleza salvará o mundo. Se as coisas fascinam quão fascinante será ver a Deus face a face, o Artista do universo.

2. O sábio. Nosso sábio interior tem a capacidade de inspirar, de decifrar, de obter respostas, de realizar sonhos. Habita em nós a sede de sabedoria. Alem disso, fazemos “perguntas malditas”, mas que na realidade são benditas: Por que existo? Para onde vou? Porque o sofrimento e a morte? Nosso sábio indica soluções e nos dá proteção. O silêncio é também sabedoria e revelação. Não nos saciamos com o ter, mas com o ser e o saber. Nosso sábio interno nos pergunta: “Por que você não pratica aquilo que sabe”? “Por que você não é o que ensina”? Acabamos percebendo que não é a razão que fundamenta a realidade, mas, o mistério. Aliás, o mistério é a razão fundante e fundamental de todas as coisas. O mistério faz pensar, aguça nosso sábio interior. O sábio revela os mistérios, porque tem sabedoria humana e recebe a luz do Espírito Santo.

3. O juiz. Fala dentro de nós o juiz. Eis nossa capacidade de avaliar, julgar, decidir, organizar e dar destino às coisas. Nossas avaliações podem ser racionais e emotivas. Daí a necessidade de discernimento, de bom senso. A capacidade de julgar, criticar, condenar, estigmatizar é muito grande. É mais fácil desintegrar o átomo que o preconceito. A estigmatização é como tatuagem, não se apaga. Precisamos portanto, da reta razão, das virtudes cardeais: a prudência, a fortaleza, a temperança, a justiça, para orientar o juiz que mora em nós e seguir o reto juízo que é o bom senso.

4. O guerreiro. É nossa capacidade de ação, de administração, de organização. São nossas realizações concretas, nosso cotidiano com o enfrentamento das necessidades, das surpresas, dos sofrimentos. É impressionante a capacidade que temos de solucionar problemas, de vencer contrariedades. Quão guerreiras são as mães de família, cheias de coragem e ousadia. Fala mais alto o elan vital, a coragem de existir, as vitórias do cotidiano. Com os olhos fixos em Deus e a mão firme no leme da história, construímos a vida. O homem não cessa de ser grande, mesmo quando cai. Até o reino de Deus exige garra, luta, combate pelo bem e pela justiça. Somos guerreiros da vida e do reino de Deus.

5. O humorista. Alegrar os outros é um gesto profundo de amor. Pessoas alegres tornam leve o ambiente. O riso rejuvenesce. O bom humor cura. A festa nos livra da rotina. Alegria é remédio, terapia. O aspecto lúdico da vida congrega as pessoas, faz explodir os dons e qualidades, facilita a comunicação. O único ser criado que sabe sorrir é o ser humano. O sorriso nos caracteriza como humanos. Liberar a criança que está em nós, o nosso lado espontâneo, transparente, lúdico, humorista faz a vida mais prazerosa, sadia e irradiante.

Em nosso agir, na reconstrução da vida, na prática do bem, na história de cada um de nós, Deus vai escrevendo uma história de amor. Cada acontecimento é uma carta de amor de Deus. Nossa vida é uma teografia, uma carta de amor, escrita por Deus. Existimos, vivemos, trabalhamos porque somos amados. “Sou amado, logo existo”, eis o nosso credo fundamental. Eis o que faz guerreiros.
Cabe-nos despertar o artista, o sábio, o juiz, o guerreiro e o humorista que está em nós e nas pessoas. É do coração, portanto, do nosso interior que nascem as coisas que fazemos no exterior. Não sejamos castradores dos dons e qualidades, mas promotores da auto-estima, da cultura e das potencialidades das pessoas.


Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina

Seis qualidades de um líder cristão

O líder é um servidor que tem espiritualidade de comunhão e do lava-pés.

1. Zelo pela retidão. Um líder de comunidade cumpre seus deveres, evita toda negligência, consome-se de zelo pelo bem comum. Faz tudo para a glória de Deus, descentraliza seu ego, faz fazer, desaparece para que os outros cresçam. Sabe corrigir os erros e não encobre as faltas. Seu zelo faz que não se canse pelo trabalho, não se dobre nas provações, não se acovarde pela indolência, não se desvie pelas amizades, não trema ante as ameaças. Um líder assim é um verdadeiro pastor.

2. Compaixão fraterna. O líder é atento às pessoas, zela pelo seu bem-estar, é sensível às suas necessidades. Tem coração de mãe que sabe dosar ternura e disciplina. É firme mas não autoritário, nem se coloca acima dos outros. Procura dialogar sem intimidar e sabe também consolar. Foge da agressividade agindo com amabilidade porque sabe compreender. O líder é um servidor que tem espiritualidade de comunhão e do lava-pés.

3. Paciência e tolerância. Procura perdoar as ofensas, curar as mágoas e promover a concórdia. Seu lema é: não prejudicar, não condenar, não julgar, não agredir. Está voltado para o bem-estar dos outros e por isso o espírito de gentileza, a vontade de reconciliação e o altruísmo lhe conferem paciência e tolerância. Guarda a serenidade e não se deixa abater pelas criticas, pelo contrário, aprende com seus erros e aceita mudar, é pessoa flexível.

4. Vida exemplar. Evita a dupla mensagem: dizer uma coisa e fazer outra. Tem autocritica e aceita correção. Não faz acepção de pessoas, trata a todos com igualdade e dá testemunho de simplicidade, de fé e de participação. Não procura agradar, mas servir. Sua vida pessoal, familiar, comunitária é equilibrada e exemplar. Por ser coerente e transparente é amado, obedecido, visitado, imitado.

5. Bom senso. Não se considera melhor que os outros e por isso não se gaba nem humilha. Sabe exigir, mas sem ferir. Diz a verdade com jeito e caridade. Seu bom senso está no discernimento: nem áspero demais, nem suave demais; nem triste demais, nem fanfarrão; nem curioso demais, nem despreocupado demais; nem brando demais, nem severo demais; nem solitário demais, nem sociável demais chegando a ser simplório, leviano, brincalhão para ser bem-quisto. Não compra o afeto das pessoas.

6. Devoção a Deus. Sua fé se expressa na oração e no amor solidário. Entusiasmado por Jesus, enche-se de paixão pelo reino de Deus e de compaixão pelas pessoas. O amor de Deus é sua convicção pessoal. É entusiasmado pelas coisas de Deus, pela Igreja, pela comunidade. Tem o ouvido no coração de Deus e a mão no pulso da história. Não desanima, é perseverante e carrega o fardo dos irmãos. Sua cruz é também sua escola. Aprende com a ciência da cruz.
Nossas comunidades e grupos de reflexão precisam de líderes e animadores preparados. As qualidades aqui apontadas podem ajudá-los, embora elas sirvam para qualquer liderança como professores, políticos, médicos, padres. O animador é alma da comunidade, é fonte de inspiração.


Dom Orlando Brandes
Administrador Diocesano de Joinville

SETE MARCAS DO CRISTÃO

Sete são as marcas, tatuagens, carimbos, características do cristão. Elas revelam o rosto, a identidade do cristão, fazem parte da essência do cristianismo.

1.O irmão. O outro, o diferente, o estranho, o estrangeiro é sempre um irmão. A consangüinidade vem do sangue de Cristo que morreu por todos. Esta é a maior revolução da humanidade. O pobre, o inimigo, o algoz é meu irmão. Temos uma comum dignidade.

2.O menor. O cristão sabe que o menor, o último, o mínimo, o fraco são os preferidos de Deus. Fazer-se criança, ser o último, o menor é um mandato do Evangelho. Eis a espiritualidade do minorismo. Ser pequeno é a grandeza e a majestade do cristão.

3.O servo. É o que tem atitude de disponibilidade, altruísmo, generosidade, voluntariado. Servir não é rebaixar-se, é realizar-se, elevar-se, dignificar-se. Quanto mais nos abaixamos para servir, tanto mais nos elevamos.

4.Livre. O cristão é livre do mal para a prática do bem. Livre do egoísmo e do apego para ser feliz. Livre de todas as correntes da moda para ser ele mesmo, ser para os outros e ser de Deus. Quanto mais obedecemos aos mandamentos, mais livres somos.

5.Alegre. Por ser amado, redimido e ter a esperança da vida eterna, o cristão é essencialmente alegre. Sua alegria ninguém pode tirar porque ela se fundamenta na fé, na esperança e no amor. No sorriso alegre do cristão temos um sacramento da ressurreição.

6.Misericordioso. O cristão não pode abster-se do perdão, da misericórdia, da compaixão. Ele é alguém perdoado que tem a obrigação de perdoar, ser compreensivo, paciente, clemente. O cristão que não perdoa é um pagão, um gentio.

7.Cortesia. Boas maneiras, fineza, gentileza, amabilidade, bom humor, positividade, são marcas do amor fraterno, do humanismo, da bondade que o cristão deve testemunhar a partir do mandato do amor. Pequenos gestos falam mais que pregações e discursos. A cortesia é filha do amor. Dar um copo de água é alto gesto de humanismo e de fé.

Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina

10 pensamentos do Papa Bento XVI

Vejamos DEZ PALAVRAS do Papa:

1.Estabelecer profunda amizade com Jesus e comunicá-la aos outros. O que de mais belo pode acontecer em nossas vidas é sermos alcançados por Jesus e abrir as portas do coração ao seu amor misericordioso.

2.A Igreja vive do Evangelho porque Cristo vive nas Escrituras. A leitura orante da Bíblia levará a Igreja a uma primavera espiritual. A Igreja deve ser eco da Palavra e depois fazê-la ressoar até os confins da terra.

3.Nada antepor a Cristo Jesus. Em primeiro lugar vem a adoração depois a reflexão e a ação. Cristo torna a vida livre, bela e grande. Cristo seja tudo em todos. Pensemos com os pensamentos de Cristo, para termos os seus sentimentos. Jesus é a medida do verdadeiro humanismo.

4.Transformemos os desertos em jardins. Há desertos internos e externos como a pobreza, a solidão, o amor destruído, o afastamento de Deus pelo pecado. Transformemos este vale de lágrimas em jardins.

5.Vive-se hoje a “ditadura do relativismo”. Caem as instituições e aumenta o individualismo que destrói valores, desobedece a verdade e endeusa a individualidade. Precisamos da obediência da fé que nos torna livres.

6.É preciso reconstruir a unidade plena e visível de todos os seguidores de Jesus. O ecumenismo é como a subida de uma montanha, mas é preciso prosseguir a escalada. A oração, o diálogo e a amizade ajudam mudar as mentes e os corações em favor da unidade.

7.O mundo não muda se o mal não for vencido pela força do perdão. A misericórdia põe limites ao mal. O perdão destrói o mal. O mundo foi salvo pelo crucificado e não pelos crucificadores.

8.Cada pessoa é fruto de um pensamento amoroso de Deus. Cada um de nós é querido, amado e, portanto, necessário. Deus não é indiferente ao drama da sua criatura. O amor vence tudo. Rendamo-nos ao amor que se expressa no êxodo e no êxtase, ou seja, no sair de si e estar no outro.

9.Todo trabalho pastoral, todo ministério eclesial é um “oficio de amor”. Apascentar é amar. Evangelizar é amar. Toda ação pastoral brota do amor e leva à santidade. É preciso estar com Cristo para estar em missão. Estar com Ele é estar em movimento.

10.Eu sou um “frágil servidor de Deus”. O exército dos santos me protege, sustenta e conduz. Preciso de vossa oração, vossa indulgência, vossa fé e vosso amor. Necessito também de conversão e purificação. A Missa é o centro do meu dia e da minha vida. Meu programa não é fazer minha vontade, mas pôr-me à escuta da vontade de Deus.


Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina

MINISTÉRIO DA ACOLHIDA

MINISTROS DA ACOLHIDA


1. O Ministério da Acolhida tem a função de receber bem e ir ao encontro das pessoas, com o objetivo de integrá-las na celebração, na comunidade, na paróquia ou na diocese, para que sejam membros vivos e atuantes do povo de Deus, através de uma vivência de comunhão e participação, em vista da missão.

2. Tem como missão, acolher os fiéis no diversos momentos da vida da comunidade;

Acolhida na porta da Igreja:

3. Se as pessoas ao chegarem na porta da Igreja, não encontrarem ninguém para acolhê-las, na comunidade, estará faltando algo muito especial: O AMOR. O ministro da acolhida tem a responsabilidade de ser a primeira pessoa da comunidade a transmitir as pessoas o amor do Senhor. Seja através de um sorriso, de um olhar, de um abraço, cada um com seu jeitinho, com seu carisma tem muita importância.

4. Precisamos entender que é IMPORTANTÍSSIMO que o ministro, fique na porta o tempo TODO de duração da celebração, nós não sabemos quando o Senhor irá enviar aquele irmão, que inclusive, é imagem e semelhança de Deus e precisará ser acolhido.

5. Estando o tempo todo nas portas, cuidar para participar atentamente da celebração, não conversar, nem distrair as pessoas com ruídos.

6. O ministro da acolhida tem também a missão de zelar pelo bom andamento da celebração, impedindo que pessoas más intencionadas, ou sem condições normais atrapalhem a celebração.

7. O ministério da acolhida precisa ser um ministério estruturado, que faça reuniões semanais e tenha seus próprios integrantes. Use sempre seu jaleco e acolha em nome da Igreja.

A coleta

8. Esta é uma função que poderá ser realizada pelo ministros da acolhida.

Entrega de lembrancinhas, jornal ou folhetos


9. O ministro da acolhida terá a função de na saída entregar também o material necessário por parte da comunidade, para tanto deve estar até o final de celebração e organizar-se com antecedência.


Acolhida aos novatos


10. Especialmente quando chegam novas pessoas a comunidade, que o ministro além de acolher bem, ainda se coloque a disposição para ajudar e orientar no novo ambiente.
Texto do site da diocese de Joinville www.diocesejoinville.com.br

sábado, 9 de fevereiro de 2008

ACOLHER BEM AINDA É UM DESAFIO PARA A IGREJA CATÓLICA.

Helena Corazza
Um dos grandes desafios da Igreja Católica no Brasil hoje é acolher bem os fiéis para que eles possam se sentir integrados às comunidades paroquiais e se engajar em algum trabalho. Muitos se queixam da frieza de padres e secretários(as) paroquiais. Há estudiosos que acreditam que o acolhimento seja um dos fatores que leva algumas pessoas a buscarem abrigo em Igreja evangélica. Para orientar melhor esse trabalho, a jornalista, integrante da equipe de reflexão do setor de comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), escritora e religiosa, Helena Corazza, lançou o livro “Acolher é comunicar – como trabalhar com o ministério da Acolhida”, (Paulinas)

1. O que é uma boa acolhida?
Uma boa acolhida, na verdade, é uma atitude. Não são técnicas, não é só organizar para que tudo esteja certinho. É também isso, mas é sobretudo uma atitude das pessoas que acolhem. Nesse sentido, coloco uma boa acolhida como uma atitude constante de abertura ao outro.

2. Quais as principais falhas na área da acolhida na Igreja Católica no Brasil?
Acolhida ainda é um problema, porque existe um contexto todo diferenciado no mundo de hoje. O que nos desafia na questão acolhida atualmente são as mudanças sociais, políticas, econômicas, a mobilidade social, a migração. Então, a Igreja tem que se reposicionar em relação a uma série de coisas. Há um contexto que desafia, sobretudo a Igreja católica, que sempre teve seu público muito certo, muito previsto, muito ensinado, e que hoje não responde mais como respondia antigamente. Mudaram muito as situações e, agora, as pessoas têm muitas opções de religião, até de forma de atendimento, de lazer e de tantas outras coisas. Essas mudanças é que acabam “criando um problema” que, na minha opinião, é também uma grande oportunidade para a Igreja.
Nós, da Igreja Católica, temos que nos reformular para que as pessoas que pertencem a ela, que foram batizadas, mas que se afastaram da prática religiosa possam ser reintegradas. O problema talvez seja a falta de sensibilidade e de agilidade para mudar as estratégias do nosso atendimento nas igrejas. De repente nos acomodamos num sistema, num método, num jeito e achamos que todo mundo tem que se adaptar a ele, porque essa é a prescrição da igreja. Para o mundo de hoje, moderno e pós-moderno, as pessoas não se movem por isso, ao menos que tenham uma fé realmente sólida. Mas o problema não são os que participam, que têm uma fé sólida, o problema são aqueles que, às vezes, estão mais fragilizados. Na verdade, o grande problema talvez seja a gente tomar consciência, mudar nossas estratégias e adaptá-las de acordo com uma realidade que realmente satisfaça as pessoas, para que elas se sintam cativadas, atraídas para estar, com alegria e com prazer, na Igreja.

3. A questão da acolhida mal feita pode ter contribuído para a redução do número de católicos no Brasil?
Penso que sim. Há uma pesquisa nesse sentido que sempre me disseram que foi feita pelo Regional Sul, em São Paulo – mas eu não consegui obtê-la até hoje, em preparação para as Diretrizes da CNBB, no final dos anos 80 e início de 90. Essa pesquisa, na verdade, resultou em uma tomada de consciência, porque até então pensava-se que as pessoas saíam da Igreja Católica por causa da influência da mídia. É aquele chavão que todo mundo diz: “ouviu a rádio tal, ouviu a televisão tal e foi para lá”. Depois foi constatado que isso se dava por falta de acolhida na Igreja Católica. Tanto que as diretrizes, de 1991 a 1994, colocam essa questão de maneira muito forte. Realmente as pessoas se afastaram por causa da acolhida. Mas a Igreja Católica está consciente disso há mais de dez anos e já colocou o problema nas suas diretrizes, no sentido de que seja feito um trabalho para que isso seja modificado.

4. Foram tomadas providências concretas para mudar essa situação?
Há muitas providências que têm sido tomadas. Por exemplo, há uma tomada de consciência muito grande na Igreja, em todos os níveis. Há muitas dioceses fazendo cursos e preparando lideranças para a acolhida. As Diretrizes da CNBB retornaram a questão. Penso que estamos tomando providências, mas a gente tem que ser mais efetivo em todos os níveis. Tanto que vemos a colhida não tanto como uma pastoral, mas como ministério, no sentido de que cada cristão tem que se acolhedor; porque a acolhida não se dá na porta da igreja. Ela se dá em todos os sacramentos, em todos os contatos. Muitas vezes uma acolhida pode ser no ambiente de trabalho, na rua, onde houver uma pessoa precisando. Hoje o coração que acolhe, para mim, é como aquele primeiro sinal. Porque a acolhida é um testemunho, é aquele primeiro cativar. Não há um momento certo para uma pessoa ser cativada. Se a gente tem presença de espírito, se está despertado, todo mundo serve para se acolher.

5. O resultado desse trabalho junto aos fiéis ainda vai demorar a aparecer?
Não tenho tanto conhecimento de resultados. Porque a gente às vezes semeia, semeia e não toma conhecimento da colheita. As próprias igrejas deverão avaliar e observar. Quer dizer, que há várias maneiras de acolher. Desde as visitas, o contato. O lugar onde a gente pensa é a Igreja, mas não é só lá, é indo ao encontro das pessoas. Em todos os momentos podemos cativar as pessoas.

6. Seria necessário fazer-se uma mudança cultual?
Sempre tem aquela coisa de se sentir bem. Acho que, de repente, nós, na Igreja Católica, trabalhamos muito a questão da doutrina, da razão por muitos anos. Não foi só a Igreja, foi toda uma cultura. O pensamento de que era preciso mudar, assumir uma obrigação. Na sociedade atual, as pessoas já não se movem tanto pelo dever, mas pelo prazer, pelo prazer de estarem juntas. Então as nossas igrejas precisariam ser esse espaço que as pessoas gostam e têm prazer de estar.
Há mais de dez anos que estou muito sensível a esta questão da acolhida. Fiz uma frase olhando para como Jesus acolhia as pessoas do seu tempo, porque naquele tempo também necessária uma boa acolhida, sobretudo para os mais afastados. A frase é assim: o humano é a porta de entrada para Deus. Sempre que uma pessoa tem um gesto humanitário, ela abre a porta para passos seguintes.
Uma vez eu soube que dom Serafim disse uma frase muito sábia em relação à Pastoral Vocacional. Ele teria dito para os animadores vocacionais: “Vocês estão preocupados em que os jovens se comprometam, mas eles primeiro precisam ser cativados”. É um pouco esse processo que a Igreja precisa fazer na acolhida. Na verdade e no amor é assim. Primeiro a gente cativa, você gostou, encontra, depois vai comprometendo-se. Acho que a gente precisa de mudar, por isso falei de estratégia.

7. Há críticas em relação à colhida que é feita por padres e secretários (as) paroquiais. Como melhorar isso?
Realmente, os padres e as secretarias paroquiais são ponto-chaves para a acolhida. São o cartão de visitas. O padre, por seu próprio valor simbólico e por todas as funções que ele desempenha, deveria ser sempre aquele bom pastor, de coração aberto, acolhendo as pessoas na situação que estão.
As secretarias são um ponto no qual se articula esse acolhimento. As dioceses hoje trabalham muito essa questão através de reuniões de secretárias. O que a gente percebe primeiro é que as pessoas não estão devidamente preparadas para o trabalho que fazem. Como as empresas treinam muito seus funcionários, dando clareza ao que vem devem fazer, assim deveria fazer a igreja. Uma secretária paroquial tem que ter clareza do seu trabalho, têm que acolher da melhor maneira possível. Mas observamos que as secretárias ficam inseguras na hora de dizer um não, sobretudo em se tratando de questões delicadas. E, diante da insegurança, elas acabam ficando duras.

8. O que poderia se feito para melhorar isso?
Dei um curso numa diocese e pedi para dramatizar os problemas. Percebi que o padre nunca estava presente nas dramatizações. Os personagens queriam falar com o padre, se confessar e nunca o padre estava. Perguntei se elas estavam querendo isentar o padre ou é fato que o padre nunca estava para o povo. O padre tem que ter horários de atendimento. Claro que o padre é uma pessoa humana, tem seus limites e precisa coordenar os trabalhos. A igreja de novo tem que abrir o leque. Tem que se abrir ao aconselhamento, orientar. Claro que devidamente organizados, pessoas idôneas. Pastoral da escuta existe em muitos lugares. Às vezes realmente os secretários e secretárias não estão devidamente instruídos, não conhecem a lei do Direito Canônico, não sabem dizer um não, que é duro para quem chega, com uma certa suavidade, sem que isso se torne um motivo e afastamento das pessoas. As dioceses,de uma maneira geral, estão atentas a essa questão, mas têm que trabalhar mais para que o problema não fique nas mãos desses pobres secretários e secretárias. Alguns fiéis acabam indo para outras denominações religiosas, que têm menos exigências.
A igreja tem que trabalhar melhor algumas questões, como, por exemplo, a Pastoral da Segunda União, que está presente em muitos lugares. Essa é uma relação de inclusão e exclusão, para a qual os secretários paroquiais precisam estar preparados, treinados também para encaminhar os problemas que não são da sua alçada a alguma superiro que possa dar o atendimento.

9. A acolhida feita pelas Igrejas evangélicas é mais eficiente do que a da Igreja Católica?
Não tenho um conhecimento tão profundo das Igrejas Evangélicas, mas tenho observado bastante. Quando citamos a Igreja Evangélica, não é para dizer que ela é melhor que a nossa. Acho que aprendemos com todos. Às vezes entro de propósito numa Igreja evangélica para observar e percebo que eles têm uma organização que permite que sempre tenha alguém acolhendo quem passa. E é isso que faz falta para nós. Tem um capítulo no meu livro que fala da necessidade de organizar melhor nossa acolhida. Na Igreja Católica temos o voluntariado que está aí trabalhando. É claro que todos têm compromissos familiares, outras pastorais, então devemos organizar de maneira que sempre tenha plantão. Precisamos aprender isso com os evangélicos.

10. Como a Igreja católica está acolhendo alguns desses grupos de excluídos, como os homossexuais, os casais em segunda união e as mulheres?
Existe toda uma questão de orientação, de doutrina dentro da igreja. Para a igreja, o matrimônio é indissolúvel. Quando um casamento não deu certo, como nós tratamos? Há hoje o resgate pela segunda união. Mas sabemos que as pessoas não participam de maneira plena. Embora eu tenha dado um curso de acolhida do qual participou uma senhora que coordenava os casais de segunda união e se sentia superentrosada na Igreja. Essa é uma maneira de acolher.
A questão dos homossexuais é difícil, porque, na verdade, Jesus nunca exclui a pessoa. Às vezes são comportamentos que não condizem com algumas orientações da Igreja, são áreas delicadas. O acolhimento à pessoa sempre deve haver. Mas nós discriminamos às vezes culturalmente, não só a Igreja. Discriminamos culturalmente as pessoas que estão fora de um determinado padrão de comportamento que pensamos que todo mundo deveria adotar e que a igreja acolhe. Outras vezes não é a Igreja que discrimina, mas as pessoas que se sentem assim.
Existe o normativo da Igreja que é bastante forte e que, às vezes, sem querer excluir acaba excluindo. Fiz minha dissertação de mestrão sobre o tema de gênero nas rádios católicas. Sabemos que na nossa sociedade a mulher tem uma participação grande. A sociedade está muito aberta para a participação da mulher. As igrejas, de um modo geral, também estão. A Igreja Católica mantém a sua lei. Penso que com o tempo ela terá que se reformular nessa questão de a mulher não participar da hierarquia. Diáconos, padres e bispos são apenas homens. Pelo fato de ser mulher, ela está excluída disso. Claro que as mulheres participam nas assessorias, nos ministérios. Às vezes há a brincadeira de que se as mulheres se afastassem da Igreja, ela ficaria vazia. As mulheres na verdade, carregam comunidades. Em cursos que a gente dá, isso emerge muito forte, já que elas têm consciência de seu trabalho. São questões também culturais que se tem que trabalhar junto. Devemos trabalhar pela inclusão das pessoas. Quem nos ensina todo o projeto de acolhida e projeta luzes é a própria prática de Jesus, e nós somos seguidores dele.

(Texto extraído do Jornal de Opinião, Visão Cristã da Atualidade, 14 1 20 de julho de 2003, nº 737, ano 14, Belo Horizonte – MG)

SUGESTÕES DE LIVROS (2)

ACOLHER É EVANGELIZAR - Autor Pe. Vicente Paulo Alves - Editora Santuário







Sinopse: Padre Vicente Alves, aplicando o termo Qualidade Total no processo de Evangelização, traz neste estudo sugestões indispensáveis para sacerdotes, agentes de pastoral e equipes de liturgia darem uma boa acolhida a quem chega em nossas comunidades.







ACOLHER É COMUNICAR - Autora Ir. Helena Corazza - Edições Paulinas



Sinopese: O tema desta obra é de grande atualidade na pastoral brasileira. Trata-se de um verdadeiro guia para melhorar a qualidade da acolhida das pessoas que procuram a organização eclesiástica, ou entram de alguma forma em contato com as comunidades cristãs. Especializada em comunicação, a autora apresenta o tema de maneira prática, mostrando a importância do inter-relacionamento pessoal no mundo de hoje e discutindo as dificuldades e os problemas relativos à acolhida. Ressalta a importância evangélica da hospitalidade e dá uma série de orientações para ajudar a comunidade a organizar a acolhida.




ACOLHER É COMUNICAR - DVD - Autora Ir. Helena Corazza - Edições Paulinas.

Sinopse: Este DVD Comunicar é Acolher tem como objetivo motivar as comunidades a se prepararem para qualificar a acolhida, missão pessoal e comunitária. Está organizado em quatro blocos: - A pessoa que acolhe - aborda o contexto atual, mudanças e desafios em relação à pessoa, ao ambiente e ao público. - Acolhida ao telefone - chama a atenção sobre a necessidade de qualificar o atendimento telefônico. - Dificuldades na acolhida - chama a atenção sobre a necessidade de administrar situações e conflitos em relação à acolhida. - Critérios para acolhida - coloca os critérios para relações humanas, espiritualidade, a Palavra de Deus e da Igreja. Convida a comunidade a ter uma ação planejada para que a acolhida aconteça.

COMO LIDAR COM PESSOAS INSUPORTÁVEIS.

Existem pessoas que têm poder fenomenal de provocar aborrecimentos por onde passam. Talvez você reconheça esse tipo no chefe ameaçador; no colega com capacidade imbatível para bajular os superiores e infernizar a vida de seus pares; no professor perfeccionista ao extremo; na sogra ranzinza e intrometida; no amigo pessimista que espera sempre o mundo desabar; no vizinho barulhento e indiscreto.

Dizia o filósofo francês Voltaire que a maioria da humanidade é como um ímã: uma parte atrai e a outra repele. A atração ocorre por meio de sentimentos nobres como amor, justiça, compaixão, perdão. A repulsão é resultado da raiva, vaidade, presunção, do rancor, pessimismo, orgulho. É o predomínio de sentimentos negativos que torna as pessoas insuportáveis.

O intolerável está nas melhores famílias, melhores empresas, melhores vizinhanças, em todos os lugares. Em geral, não tem papas na língua, mas é bem-intencionado, apenas acha-se no direito de expressar suas opiniões. Mas, passa do limite e não tem consciência de como seu comportamento prejudica as pessoas com quem se relaciona. Quase sempre está convencido de que os outros precisam mudar, não ele.

Saber lidar com gente problemática é importante tanto para a realização na carreira quanto para o bem-estar pessoal. No trabalho, onde cada vez mais as tarefas são desenvolvidas em grupo, essa habilidade tornou-se básica, pois é impossível manter a produtividade elevada, se os integrantes da equipe não suportarem as diferenças individuais.

Conviver pacificamente com pessoas difíceis está ao alcance de todos, mas exige compromisso pessoal e persistência. E quando alguém se empenha verdadeiramente para compreender o outro, também se conhece mais e se torna melhor, isso já valerá o esforço.

"Para suportar alguém a quem não se suporta é essencial saber controlar a própria maneira de ser e aceitar a pessoa problemática tal como é", ensinam os médicos holísticos americanos Rick Brinkman e Rick Kirschner, autores do livro Como Lidar com pessoas que você não suporta (Editora José Olympio).

De acordo com os autores, existem quatro opções básicas para lidar com o problema:
Não fazer nada - Deixar as coisas exatamente como estão. Nesse caso, nada vai mudar e pode até piorar: um dia você pode perder a paciência e explodir.
Desistir - Saída indicada para o caso dos insuportáveis crônicos, quando não houver mais nada a ser feito.
Mudar de opinião - Tentar ver a pessoa a quem não se suporta com outros olhos: aproximar-se dela, tentar compreender que está por trás de seu comportamento.
Mudar de atitude - Apegar-se às qualidades da pessoa de forma que os defeitos dela irão parecer menores. Ao mudar sua postura em relação a pessoas difíceis, elas podem passar a agir de forma diferente com você.
A compreensão é a melhor saída.

Em qualquer situação, ouça efetivamente seu interlocutor. Respeite-o, demonstre que você se interessa por ele. Faça isso nem que seja por humanidade, compaixão.

Assegure-se de que você não está contribuindo para dificultar o relacionamento. Todos nós, em alguns momentos, também somos difíceis. E pode ser que a pessoa a qual considera intolerável seja apenas diferente.

Lembre-se de que por trás de um comportamento distorcido, podem existir boas intenções. É possível que a pessoa se comporte com você da mesma maneira que o faz com os outros. Por isso, não leve os ataques dela para o lado pessoal.

Compreenda que você não pode mudar os outros, pode apenas influenciá-los a mudar de atitude, nada mais.

Teste sua resistência aos insuportáveis- Encare o convívio com a pessoa difícil como um desafio, como sugerem Brinkman e Kirschner. ´Na próxima vez em que lidar com alguém insuportável, lembre-se de que a vida não é um teste, é a prova final´, propõem os autores.


( Maria de Lima (jornalista e pós-graduanda em Filosofia), em junho/2001)

DINÂMICAS DE ACOLHIDA

Dinâmica do Espelho
Objetivo:
Quebrar o gelo e estabelecer uma relação com a pessoa que está ao nosso lado, de preferência alguém não conhecido.

Como Fazer:

1. De pé, dois a dois, voltados um para o/a outro/a - olhos nos olhos.

2. Olhando nos olhos, desacelerar a respiração e sentir o outro, senti-lo como ser humano. (3 a 5 minutos)

3. A seguir, partilha da experiência entre as duas pessoas.
- Como me senti?
- O que foi bom?
- Houve medos?
- Por quê?

4. Algumas pessoas podem partilhar com o grupo todo.


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Dinâmica 1
Objetivo:
Perceber as diferenças que exsitem entre as pessoas e como as novas idéias vão provocando mudanças. Abrir-se para aceitar o diferente.

Divisão em grupos:
Apontar os principais desafios para a acolhida.

Plenário:
Um representante de cada grupo expõe os principais desafios, visualizando-os em papelógrafo. (Depois de apresentados, deixar o tempo todo na sala para que sejam percebidos e gravados por todos).


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Dinâmica 2
Objetivo:

Conhecer-se, relacionar-se com o diferente. Fazer com que o grupo perceba as próprias dificuldades e as que aparecem no momento da ação pastoral ou evangelizadora, no que diz respeito à acolhida.

Como Fazer:

1. Organizar os participantes em pequenos grupos de 6 a 8 pessoas, dividindo-os aleatoriamente.

2. Cada grupo vai entrar em acordo e apresentar, num breve sociodrama, um pequeno teatro que represente uma dificuldade na acolhida.

3. Dá-se um tempo de 20 minutos, aproximadamente, para que o grupo decida e se prepare.

4. Todos os grupos se apresentam, um em seguida do outro, sem comentários.

5. Anotar as principais dificuldades e coicidências.

6. A seguir, o coordenador dialoga com o grupo a respeito do que foi apresentado e evidencia os pontos fracos, as dificuldades internas das pessoas e da comunidade.

7. É importante tratar dos problemas, vendo neles um potencial a ser trabalhado e não apenas um ponto fraco.


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Dinâmica 3
Objetivo:
Estabelecer critérios que dêem suporte a uma atitude de acolhida. Descobrir na Palavra de Deus o fundamento para a ação.

Introdução ao Tema:

Os critérios para a acolhida fundamentam-se na Palavra de Deus, nas orientações da Igreja e nas necessidades da comunidade local. A Bíblia está permeada de exemplos de acolhida; Deus que acolhe o seu povo; Deus que fala com as pessoas como a amigos; Deus que acolhe e quer ser acolhido pelo seu povo. No livro do Gênesis 18, 2-8, Abraão acolhe três homens sem saber que são anjos de Deus.

No Novo Testamento, Jesus chama e envia os discípulos, dois a dois, para a missão e, ao mesmo tempo, garante a importância da acolhida: "Quem der um copo d'água fria a um destes pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo que não perderá sua recompensa" (Mt 10, 42; 25, 44). Receber um peregrino, um necessitado é o mesmo que receber o próprio Cristo: "Quem vos ouve a mim ouve, quem vos despreza a mim despreza, e quem me despreza, despreza aquele que me enviou" (Lc 10, 16).

O cristão também é chamado a ser hospitaleiro, conforme Paulo escreve à comunidade de Roma em Rm 12, 13: "Tomando parte nas necessidades dos santos, buscando proporcionar a hospitalidade". A hospitalidade é uma prática das primeiras comunidades, tanto que na primeira carta de Pedro - capítulo 4, versículo 9 - ele recomenda: "Sede hospitaleiros uns com os outros, sem murmurar".

Estes textos mostram como a atitude da acolhida sempre esteve presente no ensinamento de Jesus e nas primeiras comunidades; e precisa estar presente também no cotidiano das pessoas. E a melhor forma de descobrirmos isso é o contato com os textos bíblicos.

Como Fazer:
Dividir os grupos de forma heterogênea e dar a cada um deles uma citação bíblica para que descubram uma atitude que possa iluminar os problemas e as dificuldades apontados no encontro anterior.

GRUPOS - Ler os textos bíblicos nos quais Deus e Jesus acolhem as pessoas e estas acolhem Jesus; descobrir o "novo" que ilumina a nossa acolhida, hoje:

- Abraão acolhe os anjos: Gn 18, 2-8

- Bom Pastor: Jo 10, 1-18

- Marta e Maria acolhem Jesus: Lc 10, 38-42

- Jesus acolhe a pecadora: Lc 7, 36-50

- Zaqueu: Lc 19, 1-10

- Jesus acolhe as crianças: Lc 18, 15-17

- Missão dos discípulos: Lc 10, 1-20

- Encontro com Nicodemos: Jo 3, 1-21

- Pastor que busca e acolhe a ovelha perdida: Lc 15, 3-7


- Outros textos à escolha.

Plenário:
Um representante de cada grupo coloca o que seu grupo descobriu como resposta aos problemas e dificuldades da comunidade, a partir da escuta do texto bíblico. Anotar estas respostas para o próximo encontro e definir prioridades: o que é mais urgente que se faça?


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Dinâmica 4
Objetivo:

Definir ações:

- Todos precisam ter uma atitude de acolhida;

- Em que momento e como expressá-la?
A comunidade vai planejar a ação - reunir os grupos por pastorais, ou da forma que mais convier, para que dêem indicações para um planejamento.

Introdução:

A acolhida requer atitudes pessoais de abertura, de atenção ao outro e de doação. Requer igualmente uma organização flexível que tenha em conta não só a imagem da instituição, mas as pessoas que a procuram. Os gestos de acolhida devem expressar generosidade, sinceridade, de modo que, no abrir os braços para acolher, no atendimento ao telefone, o outro se sinta de fato acolhido.

A acolhida é o primeiro sinal da presença de Cristo. Esse ministério se caracteriza não só pelo que se faz, mas pela maneira como é feito (Apostolicam Actuositatem, 24). Esse serviço de acolher as pessoas deve ser realizado com qualidade, e também ser constante e partilhado. Ele envolve o acolhimento dentro e fora da Igreja, da comunidade: nos momentos de celebrações, missas e sacramentos; mas também os que estão fora, ou seja, os não-praticantes, os que estão afastados, magoados.

Para se obter bons resultados, é importante uma ação planejada.

(Texto original do site da Paróquia da Ressurreição - Copacabana - Rio de Janeiro - www.paroquiadaressurreicao.com.br)