sábado, 27 de março de 2010

Domingo de Ramos

Cristo obedeceu até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes.
28 de março de 2010

Introdução

A liturgia deste Domingo de Ramos convida-nos a contemplar esse Deus que, por amor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-Se servo dos homens, deixou-Se matar para que o egoísmo e o pecado fossem vencidos. A cruz (que a liturgia deste domingo coloca no horizonte próximo de Jesus) apresenta-nos a lição suprema, o último passo desse caminho de vida nova que, em Jesus, Deus nos propõe: a doação da vida por amor.

A primeira leitura apresenta-nos um profeta anônimo, chamado por Deus a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.

A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de Cristo. Ele prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até ao dom da vida. É esse mesmo caminho de vida que a Palavra de Deus nos propõe.

O Evangelho convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus: é o momento supremo de uma vida feita dom e serviço, a fim de libertar os homens de tudo aquilo que gera egoísmo e escravidão. Na cruz revela-se o amor de Deus, esse amor que não guarda nada para si, mas que se faz dom total.

Leituras Primeira Leitura - Leitura do Livro do Profeta Isaías (Is 50,4-7)

4 O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo.

5 O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás.

6 Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas.

7 Mas o Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado.
Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial - Salmo 21
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

Riem de mim todos aqueles que me vêem,
torcem os lábios e sacodem a cabeça:
“Ao Senhor se confiou, ele o liberte
e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”

Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

Cães numerosos me rodeiam furiosos,
e por um bando de malvados fui cercado.
Transpassaram minhas mãos e os meus pés
e eu posso contar todos os meus ossos.

Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

Eles repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam entre si a minha túnica.
Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe,
ó minha força, vinde logo em meu socorro!

Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

Anunciarei o vosso nome a meus irmãos
e no meio da assembléia hei de louvar-vos!
Vós, que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores,
glorificai-o, descendentes de Jacó,
e respeitai-o, toda a raça de Israel!

Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

Segunda Leitura - Primeira Carta de São Paulo aos Filipenses (Fl 2,6-11)

6 Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, 7 mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8 humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9 Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome.

10 Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, 11e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.
Palavra do Senhor.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas (Lc 23,1-49)

Naquele tempo, 1 toda a multidão se levantou e levou Jesus a Pilatos. 2 Começaram então a acusá-lo, dizendo:

Ass.: “Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo, proibindo pagar impostos a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, o Rei”.

L. 1: 3 Pilatos o interrogou:

L. 2: “Tu és o rei dos judeus?”

L. 1: Jesus respondeu, declarando:
Pres.: “Tu o dizes!”

L. 1: 4 Então Pilatos disse aos sumos sacerdotes e à multidão:

L. 2: “Não encontro neste homem nenhum crime”.

L. 1: 5 Eles, porém, insistiam:

Ass.: “Ele agita o povo, ensinando por toda a Judéia, desde a Galiléia, onde começou, até aqui”.

L. 1: 6 Quando ouviu isto, Pilatos perguntou:

L. 2: “Este homem é galileu?”

L. 1: 7 Ao saber que Jesus estava sob a autoridade de Herodes, Pilatos enviou-o a este, pois também Herodes estava em Jerusalém naqueles dias. 8 Herodes ficou muito contente ao ver Jesus, pois havia muito tempo desejava vê-lo. Já ouvira falar a seu respeito e esperava vê-lo fazer algum milagre. 9 Ele interrogou-o com muitas perguntas. Jesus, porém, nada lhe respondeu.

10 Os sumos sacerdotes e os mestres da Lei estavam presentes e o acusavam com insistência. 11 Herodes, com seus soldados, tratou Jesus com desprezo, zombou dele, vestiu-o com uma roupa vistosa e mandou-o de volta a Pilatos. 12 Naquele dia Herodes e Pilatos ficaram amigos um do outro, pois antes eram inimigos.

13 Então Pilatos convocou os sumos sacerdotes, os chefes e o povo, e lhes disse:

L. 2: 14 “Vós me trouxestes este homem como se fosse um agitador do povo. Pois bem! Já o interroguei diante de vós e não encontrei nele nenhum dos crimes de que o acusais; 15 nem Herodes, pois o mandou de volta para nós. Como podeis ver, ele nada fez para merecer a morte. 16 Portanto, vou castigá-lo e o soltarei”.

L. 1: 18Toda a multidão começou a gritar:

Ass.: “Fora com ele! Solta-nos Barrabás!”

L. 1: 19 Barrabás tinha sido preso por causa de uma revolta na cidade e por homicídio. 20 Pilatos falou outra vez à multidão, pois queria libertar Jesus. 21 Mas eles gritaram:

Ass.: “Crucifica-o! Crucifica-o!”

L. 1: 22 E Pilatos falou pela terceira vez:

L. 2: “Que mal fez este homem? Não encontrei nele nenhum crime que mereça a morte. Portanto, vou castigá-lo e o soltarei”.

L. 1: 23 Eles, porém, continuaram a gritar com toda a força, pedindo que fosse crucificado. E a gritaria deles aumentava sempre mais. 24 Então Pilatos decidiu que fosse feito o que eles pediam. 25 Soltou o homem que eles queriam — aquele que fora preso por revolta e homicídio — e entregou Jesus à vontade deles.

26 Enquanto levavam Jesus, pegaram um certo Simão, de Cirene, que voltava do campo, e impuseram-lhe a cruz para carregá-la atrás de Jesus. 27 Seguia-o uma grande multidão do povo e de mulheres que batiam no peito e choravam por ele. 28 Jesus, porém, voltou-se e disse:

Pres.: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos! 29 Porque dias virão em que se dirá: ‘Felizes as mulheres que nunca tiveram filhos, os ventres que nunca deram à luz e os seios que nunca amamentaram’. 30 Então começarão a pedir às montanhas: ‘Caí sobre nós! e às colinas: ‘Escondei-nos!’ 31 Porque, se fazem assim com a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?”

L. 1: 32 Levavam também outros dois malfeitores para serem mortos junto com Jesus. 33 Quando chegaram ao lugar chamado “Calvário”, ali crucificaram Jesus e os malfeitores: um à sua direita e outro à sua esquerda. 34 Jesus dizia:

Pres.: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!”

L. 1: Depois fizeram um sorteio, repartindo entre si as roupas de Jesus. 35 O povo permanecia lá, olhando. E até os chefes zombavam, dizendo:

Ass.: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!”

L. 1: 36 Os soldados também caçoavam dele; aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre, 37 e diziam:

Ass.: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!”

L. 1: 38 Acima dele havia um letreiro: “Este é o Rei dos Judeus”. 39 Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo:

L. 3: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!”

L. 1: 40 Mas o outro o repreendeu, dizendo:

L. 4: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação? 41 Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”.

L. 1: 42 E acrescentou:

L. 4: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”.

L. 1: 43 Jesus lhe respondeu:

Pres.: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso”.

L. 1: 44 Já era mais ou menos meio-dia e uma escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde, 45 pois o sol parou de brilhar. A cortina do santuário rasgou-se pelo meio, 46 e Jesus deu um forte grito:
Pres.: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”.

L. 1: Dizendo isso, expirou.

(Aqui todos se ajoelham e faz-se uma pausa.)

L. 1: 47O oficial do exército romano viu o que acontecera e glorificou a Deus, dizendo:

L. 5: “De fato! Este homem era justo!”

L. 1: 48 E as multidões, que tinham acorrido para assistir, viram o que havia acontecido e voltaram para casa, batendo no peito. 49 Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o acompanhavam desde a Galiléia, ficaram a distância, olhando essas coisas.
Palavra da Salvação.

Comentário da condenação à salvação

Tão terrível a cena e o relato como o do domingo passado. Porém, com um final diferente. É como esses filmes nos quais o diretor roda dois finais e depois escolhe segundo o gosto do público. O relato da adúltera do domingo passado terminava em absolvição. O relato da paixão de Jesus termina em condenação. É um terrível paradoxo. O que perdoa, o que acolhe, o que salva, se vê castigado, excluído, condenado.

É como se toda sua pregação, tudo aquilo pelo qual entregou sua vida, a missão que tem dado consistência a sua trajetória vital, tivesse sido perfeitamente inútil. A graça e o perdão que presenteou não chegam a ele. Passou sua vida tentando salvar da morte os filhos e filhas de Deus, ao final não consegue se salvar a si mesmo das forças escuras da violência gratuita que percorrem o mundo. Sua morte é outra morte inútil das quais tratou de evitar com todas suas forças.

“Crucifica-o!”

Mas a vida segue. O povo pode ser terrivelmente cruel. Ao princípio, o tinham seguido multidões. O povo ia até ele apresentar suas dores, suas doenças. Agora são multidões os que se deixam levar pela violência e gritam em coro “crucifica-o!”. Nem sequer os seus seguem-lhe. Pedro nega que o conhecia, é o faz por três vezes. Na escuridão da noite a primeira regra é a de salvar a própria pele. Melhor que morra ele e que eu possa me salvar.

Sem dar-nos conta de que sua morte é a nossa. De que toda morte gratuita e violenta encurta nossa própria vida. Mas o povo, e até mesmos os discípulos, preferem olhar para outro lado, enquanto produzem-se os fatos. Ao final, um pouco de sentimento de culpabilidade por ter participado no linchamento daquele homem, por não ter feito nada para impedir, por não ter dado um passo à frente e dizer que... Já sabemos todos que o sentimento de culpabilidade com um pouco de tempo passa e, talvez, com um pouco de terapia e uns comprimidos se supere com relativa facilidade.

Pelo caminho temos esquecido essa preciosa cena da última Ceia de Jesus com seus discípulos. Jesus não era um ingênuo. Sabia o que ia passar. E, no momento de compartilhar o pão e o vinho na ceia, disse umas palavras que encheram de sentido tudo o que ia suceder. Não detiveram Jesus. Jesus entregou-se. É importante o matiz.

Comprometido até o final

Jesus foi a todo o momento o dono da situação. Sua morte não ia ser senão o último ato de uma forma de viver que tinha assumido livremente fazia muito tempo como conseqüência de sua experiência única de Deus. Ia confessar até o final que Deus é o das parábolas do Reino, o de sua aproximação com os marginalizados e pecadores, o de sua atenção extraordinária aos doentes, o que se preocupa com todos e com cada um.

E foi conseqüente até o final. Ainda que soubesse que ia ser duro. Isso é o que nos mostra a cena da oração no Horto. Não era agradável o que ia suceder. Mas Jesus ia ser fiel à sua missão. Sua confiança estava posta no Pai para além do imaginável, do previsível, do prudente.

Era muito realista. Na mesma cena da última Ceia já tinha visto o que davam de si seus discípulos. Após tanto tempo juntos, ainda seguiam pensando quem devia ser o primeiro entre eles. Não tinham entendido nada! Mas Jesus segue repetindo a mesma mensagem: vim para servir. Há que renunciar ao poder. O futuro, o Reino, está no serviço. E segue confiando neles. Para além do imaginável, do previsível, do prudente.

A história termina com a morte de Jesus. Não há resposta à sua confiança. Silêncio e escuridão. Abandonado pelos seus. Mas Jesus morreu confiando no Pai. E também na humanidade. Nos seus que o tinham deixado só. Nos soldados que debochavam dele. Nos judeus que o tinham condenado. Seguia confiando que o amor de Deus pode transformar os corações. Deter a sangria da violência e dar inicio a uma nova sociedade, a uma nova forma de viver, ao Reino de Deus. Essa confiança, essa entrega sem limites, esse amor até o final, essa é nossa salvação.

Fonte: www.coracaodemaria.org.br/90anos/interna.php?area=apalavra&cod_area=1&art_cod=1920

5º Domingo da Quaresma - Ano C

ENCONTRAR O SENHOR É ENCONTRAR O AMOR


"O mistério que celebramos na Páscoa não tem nada a mais do que este, que agora celebramos: é, de fato, um único mistério, assim como uma é a graça do Espírito: sempre é Páscoa. Poderias me perguntar: 'Por que, então, aquela é chamada Páscoa?' Porque naquela, Cristo padeceu por nós. Ninguém, portanto, participa àquela e a esta (Páscoa) de diferente maneira, porque único é o valor salvífico... Aquela tem alguma coisa a mais por razão de tempo, enquanto que, então, começou o dia da nossa salvação, o dia em que Cristo se ofereceu. Mas quanto ao mistério, não tem nenhuma preeminência sobre esta (que agora celebramos)".

São João Crisóstomo
Resumo das leituras:

1ª leitura (Isaías 43,16-21): “Não fiqueis a lembrar coisas passadas, não vos preocupeis com acontecimentos antigos”.

Salmo 125: Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!

2ª leitura (Filipenses 3,8-14): “Tudo eu considero perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor”.

Evangelho (João 8,1-11): “Ele ficou sozinho e a mulher permanecia lá, no meio”.

REFLEXÃO:

A jornalista Marta Nin, publicou o livro, em espanhol, “Mujeres en camino”, onde traça o encontro de Jesus com 15 mulheres no evangelho. Marta explicou a “Zenit”, no dia 8 de março, o motivo do livro dizendo: “Todas estas mulheres têm algo de mim. No caso da prostituta, tentei me colocar em seu papel, sobretudo no desejo de ser amada, que é o desejo de todos”.

Eu imagino essa mulher, antes do encontro com Cristo, com um grandíssimo amor com minúscula, e desordenado. Ela estaria mendigando amor, porque queria saciar o seu ardente espírito. O seu amor era pecaminoso não porque amava, mas porque era um amor que ainda não se encontrava com o Amor com maiúscula. E por não ter se encontrado com o Amor verdadeiro, que é Jesus, ela estragou a sua capacidade de amar e pecou.

Caro amigo, talvez não nos identifiquemos com os atos dessa mulher, mas possivelmente com a sua atitude. Devemos nos perguntar se não vivemos entre excessos: ser estimado, aplaudido, adulado; procurar experiências excitantes com o álcool, aventuras perigosas nas quais arrisco a própria vida e a de outros; dar espaço a olhares fugazes e impuros.

De um momento para outro a vida tomou outro rumo. Não foi uma decisão pessoal, mas um encontro, o encontro com Cristo, o Amor com maiúscula. Neste momento os anseios de amor daquela mulher se viram satisfeitos. Por isso, diz o Evangelho que ela permaneceu ali, enquanto que todos desapareceram, o qual quer dizer que, a partir de então, tudo mudou na sua vida. Encontrou-se com o Amor com maiúscula. E ela deixou entrar esse Amor na sua vida. E a sua vida mudou para sempre.

Os que a acusavam deram meia volta e saíram porque reconheceram o seu pecado, mas não quiseram se corrigir, preferiram continuar a sua vida cômoda e pecaminosa. Também eles se encontraram com esse Amor com maiúscula, mas não lhe deixaram entrar nos seus corações. Ela, pelo contrário, ficou para receber o perdão e o amor de Jesus que a transformaria. Já não colocaria a sua alma à disposição dos homens, mas estaria nas mãos desse Amor, que é Jesus.

Devemos nos identificar com essa mulher adúltera neste momento, quando deixou de viver para os seus prazeres para deixar entrar esse Amor com maiúscula que tem um nome: Jesus Cristo. Já nos penitenciamos na Quaresma, agora temos que dar testemunho desse Amor superior no lar familiar, no trabalho, nos estudos, na Igreja, na sociedade.

Façamos um propósito para esta semana: deixar que Cristo, o Amor com maiúscula entre no meu coração, na minha família, no meu trabalho, nas minhas amizades.

Sem. Antonio Maldaner, LC
Fonte: www.pastoralis.com.br/pastoralis/html/modules/smartsection/item.php?itemid=663

domingo, 14 de março de 2010

4º Domingo da Quaresma - Ano C

QUEM PERDOA MUITO, É PORQUE AMA MUITO


"Celebramos a Páscoa todos os anos, mas também cada dia. Aliás, cada hora, sempre que participamos ao Corpo e Sangue do Senhor. Isto é conhecido por aqueles que são dignos do altíssimo e eterno Mistério".

Dídimo

Resumo das leituras:

1ª leitura (Josué 5,9a. 10-12): "Hoje tirei de cima de vós o opróbrio do Egito".

Salmo 33: Provai e vede quão suave é o Senhor!

2ª leitura (II Coríntios 5,17-21): "Tudo vem de Deus, que, por Cristo, nos reconciliou Consigo e nos confiou o ministério da reconciliação".

Evangelho (Lucas 15,1-3. 11-32): "Pai, pequei contra o céu e contra ti".

REFLEXÃO:

Há um jovem na cena. Um jovem rico, que recebeu muitos bens. Nós somos esses jovens ricos porque recebemos inumeráveis bens: vida, amor, saúde, família, paz, trabalho, etc. Tudo isso são dons de Deus. Mas, de repente estragamos tudo: “Partiu para uma região longínqua”, ou seja, se separou do Pai, não pelo lugar, porque Deus está em todas as partes, mas pelo afeto.

Esqueceu-se de Deus. E com que direito? Imaginem só! Se Deus se esquecesse de mim, o que aconteceria? Eu desapareceria do mapa; Ele não só me pôs na vida, mas continuamente me mantém. Ainda que nos esqueçamos de Deus, Ele não se esquecerá de nós. No entanto, assim como quando o jovem sentiu fome, também Deus se faz presente nos iluminando para que possamos livremente voltar os olhos para Ele. “Estamos feitos para Deus e inquieto estará o nosso coração até que não repouse Nele”, como diria Santo Agostinho, que experimentou o perdão generoso de Deus após o seu afastamento.

Então, meu caro jovem, não é verdade que você também sente fome na sua vida? Insatisfação pelos maus resultados obtidos, preocupações fugazes, invejas, ambições, más sequelas das festas. O Diabo é muito astuto: promete satisfações, mas não lhe procura na abundância. Ele dá comodidade, prazeres, vícios, preguiça, mas numa medida medíocre para nos manter escravizados e necessitados de mais e mais.

Agora, é verdade que o Diabo está constantemente do nosso lado para nos confundir. Mas Ele não é o dono da nossa vida. Deus está continuamente agindo nela: um bom exemplo de outro, um conselho, uma correção, um êxito, etc. Com o jovem não foi diferente. A luz de Deus brilhou no seu interior e fez com que a sua consciência reagisse. Deus foi vitorioso: aquele jovem se confessou e voltou à vida.

Nos últimos meses houve muitos terremotos. Aquele do Haiti me comoveu de modo especial. Foi impressionante ver como tiravam as pessoas com vida dos escombros até sete dias depois da tragédia. Uma senhora foi salva depois de nove dias, e ela mesma conta que estando junto ao Bispo de Porto Príncipe conversavam e rezavam o terço continuamente e isso lhe deu forças para resistir. Depois dos primeiros 3 dias, o Bispo morrera. Todas essas pessoas, salvas nessas situações extremas, voltavam a ver a vida.

Hoje, também Cristo nos convida a nos aproximarmos do Seu perdão, para receber a nova vida, a verdadeira, aquela unida a Ele. Deus nos espera, não como juiz, mas como Pai cheio de bondade e amor. Confiemos no nosso Pai!

Peçamos a Deus que nos conceda o Seu perdão nesta Quaresma, de forma que nunca mais nos separemos do Seu amor. E se tivemos a desgraça de nos afastarmos, voltemos ao nosso Pai Deus que está com os braços abertos, como aconteceu com este jovem do Evangelho.

Sem. Antonio Maldaner, LC
Fonte: www.pastoralis.com.br/pastoralis/html/modules/smartsection/item.php?itemid=656

domingo, 7 de março de 2010

3º Domingo da Quaresma - Ano C

PELOS SEUS FRUTOS OS CONHECERÃO


"Sou o pão dos fortes; cresce e comer-Me-ás. Não Me transformarás em ti como ao alimento da tua carne, mas mudar-te-ás em Mim."

Santo Agostinho


Resumo das leituras:

1ª leitura (Êxodo 3,1-8a. 13-15): "Tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde estás é uma terra santa"

Salmo 102: O Senhor é bondoso e compassivo.

2ª leitura (I Coríntios 10,1-6. 10-12): "O povo de Israel bebia de um rochedo espiritual que os acompanhava, e esse rochedo era Cristo".

Evangelho (Lucas 13,1-9): "Senhor, deixa a figueira ainda este ano... Pode ser que venha a dar fruto".

REFLEXÃO:

O corpo de São Rafael Guízar Valencia, canonizado por Bento XVI em 2005, está incorrupto, exceto um olho. O santo no ponto da morte o ofereceu pela conversão de um pecador. Foi assim que a sua vida produziu fruto até depois da sua morte.

O evangelho nos apresenta Deus pedindo frutos. Nele observamos que não está interessado na beleza da árvore, na sua folhagem, no tamanho ou qualquer coisa que não seja fruto. Deus exige frutos, não como proposta, mas verdadeiro dever. Pede frutos na vida pessoal: vivendo as virtudes cristãs; frutos na vida familiar: ginásio de união, fidelidade, compreensão; frutos também na vida profissional: sendo honesto, dando testemunho de vida ao meu redor.

NINGUÉM COMPAREÇA DE MÃOS VAZIAS PERANTE MIM. (EX. 23,15)

O que acontece se eu me visse no espelho agora mesmo e me encontrasse sem frutos? É muito simples, Deus sempre dá uma nova oportunidade, como diz o evangelho. Ele é um Pai misericordioso, como diz o salmo, que, quando vê um bom propósito, um desejo de melhorar, se entusiasma porque almeja o meu bem. Agora, ainda que em Deus se acenda a esperança, esse propósito não equivale a fruto, devo começar a trabalhar. Diz Santo Agostinho: “Amor são obras, não boas razões”.

Mas, como dar frutos? Isso também é muito simples e as duas leituras nos dão uma resposta: aproximar-nos de Deus (1ª Leitura) e beber do rochedo que é Cristo (2ª Leitura). É Deus quem dá os frutos como diz São João: “Sem mim nada podeis fazer” (15,5).

Porém, não podemos chegar perto de Deus de qualquer jeito. É preciso tirar as sandálias, como Moisés diante de Deus. Isso quer dizer, deixar de lado as seguranças humanas, os bens deste mundo, e colocar as nossas esperanças em Deus. Temos que nos aproximar de Deus com sinceridade, sem interesses particulares, como quem faz um presente a um amigo por um instante e antes de partir o reclama de volta.

Peçamos a Deus nunca apartar-nos da Sua presença para que, com Ele, possamos dar frutos de vida eterna.

Busquemos fazer uma oração diária de cinco minutos pedindo luz para saber que fruto quer que eu dê.

Sem. Antonio Maldaner, LC
Fonte: www.pastoralis.com.br/pastoralis/html/modules/smartsection/item.php?itemid=648

2º Domingo da Quaresma - Ano C

SOBRE A CRUZ, SE APRENDE A AMAR


"Assim como a multidão de grãos se encontra, se moe e se mistura num só pão; assim em Cristo, que é o Pão do Céu, temos que reconhecer um só corpo, ao que está unido a nossa multidão de fiéis".

São Cipriano


Resumo das leituras:

1ª leitura (Gênesis 15,5-12. 17-18): Deus fez Aliança com Abrão, homem de fé.

Salmo 26: O Senhor é minha luz e salvação!

2ª leitura (Filipenses 3,17-4,1): Cristo transformará o nosso corpo e o tornará semelhante ao seu Corpo Glorioso.

Evangelho (Lucas 9,28b-36): "Falavam de sua partida que iria se consumar em Jerusalém. Pedro e os companheiros viram sua glória".

REFLEXÃO:

“É a tua face, Senhor, que eu procuro” (Salmo 27). Pedro, Tiago e João a contemplaram, em seu esplendor, no Monte Tabor. Aquele rosto devia ser mais belo que o sol e branco como a luz. Estavam tão maravilhados que lhes pareceu estarem no céu.

A palavra grega empregada para manifestar a ação de transformação do rosto é “metamorfoseo”. Tal palavra também aparece em São Paulo para indicar a nossa futura ressurreição. Mas, ao se tratar de um ato glorioso, por que é que esta passagem evangélica está dentro da quaresma?

A cruz é o caminho da Glória. Em quanto a tecnologia se esforça por evitar todo sofrimento, eu me pergunto: quem não sofre? Todos carregam uma cruz à sua medida, de forma que não sou o único a carregá-la, todos têm a sua. Uma coisa é certa, essa cruz é grande em todos os casos porque a todos exige sacrifício.

Façamos um exercício de imaginação. Duas pessoas carregavam uma enorme cruz. Um deles ia cortando aos poucos a sua cruz à medida que avançava, de tal forma que ficasse mais leve; o outro, pelo contrário, permaneceu fiel à sua cruz, levando o seu peso com perseverança. Cada um seguiu o seu caminho em direção à meta. Num determinado momento, chegaram a um precipício e, então, só aquele que continuava com a sua enorme cruz pôde usá-la como ponte para cruzar o precipício. O outro, pelo contrário, ficou com a sua cruz diminuta e inservível para se salvar.

A cruz que cada um leva é uma inseparável companheira, é a nossa passagem de ingresso à Glória. Posso levá-la de muitas formas: ignorá-la como se não a tivesse, aborrecê-la resignado ou recortar pedaços dela fugindo do seu peso. Nestes casos, a cruz perde todo o seu sentido e valor.

SÓ ABRAÇANDO A CRUZ COM AMOR, SEREI VERDADEIRAMENTE FELIZ.

É assim que darei sentido à vida, à cruz que Deus dispôs para mim. Se quisermos viver com rosto radiante e contemplarmos o rosto de Cristo, esse é o caminho.

Cristo derramou o Seu Sangue por mim; eu em troca, como demonstrarei que também O amo? Só cumprindo a Vontade de Deus com amor, alegria e entusiasmo é que saldo a minha dívida de amor com Ele.

“Senhor, fazei que eu não fuja do que me custa, mas dai-me a graça de levar a cruz com grande amor”.

Façamos o propósito de enfrentar as nossas responsabilidades da semana com amor.

Sem. Antonio Maldaner, LC
Fonte: www.pastoralis.com.br/pastoralis/html/modules/smartsection/item.php?itemid=639

1º Domingo da Quaresma - Ano C

A QUARESMA É O MELHOR PERÍODO PARA A ALMA


"Se Ele declara sobre o pão: 'Isto é o meu Corpo', quem se atreverá a negá-lo? E se afirma: 'Este é o meu Sangue', quem duvidará sustendo que não é o Seu Sangue".

São Cirilo de Jerusalém


Resumo das leituras:

1ª leitura (Deuteronômio 26,4-10): Profissão de fé do povo eleito.

Salmo 90: Em minhas dores, ó Senhor, permanecei junto de mim!

2ª leitura (Romanos 10,8-13): Profissão de fé dos que creem em Cristo.

Evangelho (Lucas 4,1-13): Jesus, no deserto, era guiado pelo Espírito e foi tentado.

REFLEXÃO:

A Quarta-Feira de Cinzas marcou o início da Quaresma. As cinzas apresentam já, de entrada, o sentido de penitência que este período comporta. Temos que nos preparar intensamente nessa marcha de quarenta dias para poder obter, da melhor forma possível, a coroa da Ressurreição, oferecida por Cristo.

O Evangelho de hoje nos indica os principais elementos da Quaresma: o deserto, os quarenta dias, a oração, o jejum, a luta contra a tentação. Fixemos o olhar neste último aspecto.

Quem é o tentador? Não é Deus, como diz o apóstolo Tiago (1,13), mas sim o Diabo. Tal nome vem do grego e significa “mentiroso”, enquanto que Satanás em hebreu significa “adversário”. Isso é o que ele faz: Põe-nos em dúvida e nos provoca de forma suspicaz com mentiras, porque quer o mal para nós.

Satanás sempre lança as suas tentações pelo nosso lado mais fraco. Quando nos divertimos com os amigos no sábado, ele sussurra ao nosso ouvido interior: “Você trabalhou toda a semana, agora bebe quanto quiser para matar as penas”; assim também quando estamos cansados no domingo, nos sugere: “Não seja fanático, hoje você está cansado, ninguém pode lhe obrigar a ir à missa”.

Com Cristo, aconteceu a mesma coisa. No momento em que Ele mais precisava de comida, o Diabo investe oferecendo comida. Satanás efetuou o seu ataque de forma oportunista, suspicaz. Não podemos pensar que queria oferecer uma ajuda a Cristo. De jeito nenhum, seu objetivo era outro.

O DIABO QUERIA DESVIÁ-LO DA SUA MISSÃO: NÃO SERVIR O PAI, MAS A SI MESMO.

Age de forma progressiva. No começo, sugere transformar pedras em pão, parece um ato de clemência. A tentação num segundo momento atinge dimensões mais evidentes: tentação de vanglória. Além do mais, se declara mentiroso porque o Diabo não é o dono da criação de Deus. É mais, só pode ser dono de quem se oferece a ele, é por isso que se dão possessões diabólicas.

Novamente tenta afastá-Lo da missão: em lugar da Cruz, humildade e serviço, propõe um reino de domínio, de poder, esplendor.

Enfrentemos a tentação seguindo o exemplo de Cristo: com a oração, a vigilância, o sacrifício e o jejum.

Cristo nos convidou a acompanhá-Lo em oração no Getsêmani, acompanhemos-lhe também agora no deserto.

Façamos uma lista de quatro propósitos para vivê-los nesta Quaresma.

Sem. Antonio Maldaner, LC
Fonte: www.pastoralis.com.br/pastoralis/html/modules/smartsection/item.php?itemid=631