domingo, 23 de maio de 2010

Pentecostes

A crise de identidade nos dias atuais preocupa instituições e indivíduos. Ela atinge também a Igreja. Não é novidade, pois em sua longa história, heresias e cismas foram tentativas frustradas para a alteração de sua doutrina e estrutura hierárquica. Não fosse assim, o Catolicismo ter-se-ia pulverizado em um sem número de grupos contraditórios. Mas a celebração de Pentecostes revela ao mundo a Redenção e o Reino já herdado, mas ainda não consumado. Temos diante de nós, portanto, a certeza de que “a Páscoa de Cristo completou-se com a efusão do Espírito Santo, que Se manifestou, Se deu e Se comunicou como Pessoa divina: da sua plenitude (...). A partir deste dia, o Reino anunciado por Cristo abre-se aos que n'Ele creem. Pela sua vinda, o Espírito Santo faz entrar no tempo da Igreja” (Catecismo da Igreja católica, nn. 731-732). Nesta festa, em que comemoramos o princípio da trajetória do cristianismo, cabe uma pergunta: há identidade no que creio e pratico, podendo considerar-me, com autenticidade, um membro vivo da Comunidade eclesial? O Salvador instituiu a obra; delineou-a em seus contornos básicos; confiou seu governo a determinadas pessoas. Assegurou sua continuidade, uma sucessão ininterrupta e uma assistência eficaz. Eis o quadro ao qual não podemos fugir se quisermos conservar o nome de católico. Desde o tempo dos Apóstolos, durante todos os séculos, o povo cristão guardou nítida a consciência dessa verdade. Quando surgem pregoeiros que tentam abalar esses alicerces é mister fortificar as bases por uma visão lúcida. Aliás, a fé simples de nossa gente costuma opor-se a tais leviandades. O depósito de nossa Fé, por sua extraordinária riqueza, é sempre fecundo. A inteligência, criada por Deus, desenvolve novos aspectos da doutrina. Nas Ciências humanas, cada um é, por sua capacidade, a medida de penetração nos segredos e interpretação dos fatos. Na Igreja, entretanto, todo o ensino está sob a ação do Paráclito. Assim, a autenticidade não é o resultado de uma constatação pessoal apenas, mas obedece a um critério objetivo, o Magistério. A pesquisa, a hipótese de trabalho, a conclusão, encontram-se inseridos em uma dimensão do Eterno. Essa condição é fator de tranquilidade. Por mais ilustre que seja o mestre, seu ensino só é válido quando em consonância com o Espírito Santo que dirige os fiéis em comunhão visível com a Hierarquia. Embora em grau menor, a disciplina eclesiástica se inclui nesse mesmo raciocínio. E por se tratar de uma decorrência da doutrina aplicada ao transitório, sofre as alterações do tempo, da cultura e de outros elementos. Como somos uma comunidade, é imperioso que haja determinadas normas de ação. Infringi-las é apresentar a obra de Deus desfigurada. Indivíduos justapostos, que agem conforme sopram os ventos, jamais constituem um corpo. Em um mundo que canoniza a liberdade em todos os aspectos, ser cristão torna-se difícil. Submeter-se a normas pode afigurar-se ridículo. Observar integralmente os preceitos da Igreja, os ensinamentos do Redentor, com suas implicações na vida particular e social, exige aquele heroísmo que é próprio do Evangelho. Proporcionar valores sublimes; acatar a palavra do Papa; reagir contra falsas acomodações do ensino às situações do mundo, em resumo, parecer retrógrado por servir à causa do Mestre, pede coragem. E não é fácil haver coerência com um Cristo verdadeiro que nada tem de festivo. Entretanto, somente assim se usa honestamente o título de cristão. A opção feita no batismo e renovada em momentos importantes de nossa vida nos leva à plena integração à Fé e aceitação heroica, se necessário, isto é, até às últimas consequências. Os Escritos Sagrados nos mostram o Senhor e os Apóstolos preocupados em conservar a unidade dos discípulos. Para isso, importa não apenas evitar o erro, mas também lutar contra as tendências contraditórias da própria condição humana. Somos livres e a natureza nos inclina a preferir os próprios interesses aos do próximo ou do bem comum. A via dura e áspera da renúncia é essencial para superar uma crise, a quem honestamente se intitula católico. Ela nos faz abandonar certas doutrinas, que poderiam parecer mais vantajosas ao Povo de Deus, e não aceitar práticas que, no juízo individualista de alguns, são tidas como eficazes ao trabalho apostólico. Agir dessa maneira para obedecer ao Magistério é difícil, mas necessário. O mundo que nos cerca nos induz à satisfação própria, à exaltação da independência intelectual, à autodeterminação. Somente um clima de amor a Deus, que transborde em nossa vida uma conversão profunda, inspiram esta renúncia e, como consequência, nos mantêm nesse espírito de unidade. Em outras palavras, ser cristão, hoje, implica atitudes que exigem radicalismo. Pentecostes comemora o aniversário da Igreja, a sua proclamação definitiva. Daí porque recordar essas características que lhe são próprias. Nós cremos que o Espírito Santo é força, conforto. Ele é nossa esperança. Procuremo-Lo, que Ele nos conservará fiéis a Jesus Cristo.

Dom Eugenio de Araujo Sales

Cardeal Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro

Domingo de Pentecostes - 23/05/10 - Ano C

DÊ UM BOM ALOJAMENTO AO ILUSTRE HÓSPEDE.
"Uma só Missa, a que houveres assistido em vida, será mais salutar que muitas a que os outros assistirão por ti depois da morte". Santo Agostinho.

Resumo das leituras:

1ª leitura (Atos 2, 1-11): "Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar".

Salmo 103: O Teu espírito renova a face da terra.

2ª leitura (Romanos 8, 8-17): "Todos aqueles que se deixem conduzir pelo Espírito de Deus, serão filhos de Deus".

Evangelho (João 14, 15-16.23b-26): "O Espírito Santo vos ensinará todas as coisas".

REFLEXÃO:

A festa de Pentecoste conclui o período de Páscoa. Ela é celebrada Cinquenta dias depois da Ressurreição, conforme o antepositivo penta (cinco) o indica.

Com o Pentecoste, vem o tempo da Igreja, tempo no qual o cristão deve se colocar à escuta do Espírito e anunciar a toda terra a mensagem de salvação.

Mas o que significa se colocar à escuta do Espírito? Significa em primeiro lugar orar. O Evangelho deixa bem claro que o Espírito Santo age dentro de cada um, quando diz: “Ele vos ensinará todas as coisas”, e nos lembrará de tudo o que Cristo nos disse.

Mas como orar se não sabemos conservar o silêncio interior? A música nunca falta; as conversas supérfluas aumentam; o tempo sempre será um problema. É um engano deixar para amanhã o que eu posso fazer hoje. Para elevar os olhos a Deus e agradecer o dia que nasce, não é preciso contar com a ciência dos santos, todos podemos fazê-lo com muito benefício para a alma. Agradecer o alimento que recebo não é questão de fanatismo, mas de delicadeza. É comum o ditado: “Quem tem boca vai a Roma”; acho que também se pode dizer: “Quem tem coração vai até Deus”.

Escutar o Espírito Santo requer, em segundo lugar, seguir a própria consciência. A consciência é o santuário íntimo de cada pessoa, lugar onde o Espírito mora. Na verdade, Ele não tem forma física, é Espírito, de modo que não podemos dizer que está aqui ou ali. Ele está ali onde encontra uma pessoa aberta a recebê-Lo, porque é preciso aceitar livremente a Deus na própria vida, para que Ele não somente entre, mas faça nela a Sua morada.

Seguir a própria consciência é escutar o Espírito Santo, que quer o nosso bem. Por isso, Ele nos mostra o caminho a seguir, de forma que se aceitarmos a Sua inspiração, nos transmitirá muita satisfação interior. Não seguimos a consciência quando o nosso critério não é a verdade, o amor autêntico, mas o nosso prazer ou egoísmo. Então, atamos o Espírito e limitamos a Sua ação. Não é que Ele não nos queira ajudar, mas nós mesmos recusamos voluntariamente a Sua colaboração.

Sem. Antonio Maldaner, LC
http://www.pastoralis.com.br/pastoralis/html/modules/smartsection/item.php?itemid=730

Solenidade da Ascensão do Senhor - Ano C

No Brasil, a Solenidade da Ascensão toma o lugar do 7º Domingo da Páscoa.

DEUS NÃO ABANDONA QUEM A ELE SE CONFIA.
A Santa Missa é a obra na qual Deus coloca sob os nossos olhos todo o amor que Ele nos tem; é de certo modo, a síntese de todos os benefícios que Ele nos faz. São Boaventura

Resumo das leituras:

1ª leitura (Atos 1, 1-11): "Jesus virá do mesmo modo, como o vistes partir para o céu".

Salmo 46: Sobe o Senhor entre cantos de júbilo.

2ª leitura (Hebreus 9, 24-28; 10, 19-23): "Sem desânimo, continuemos a afirmar a nossa esperança".

Evangelho (Lucas 24, 46-53): "Enquanto os abençoava, se afastou deles e foi levado para o céu".

REFLEXÃO

Na reflexão da Ascensão do ano passado nos detivemos na consideração da tristeza dos discípulos ante a despedida do Senhor. Hoje, consideremos a imensa alegria que Jesus lhes concede subindo aos céus.

Não há maior felicidade que estar com quem se ama.

Amigo é quem não procura o próprio bem. Jesus vai ao céu porque era o melhor que podia fazer pelos discípulos: “Convém que eu vá para que o Espírito Santo venha a vós”. Além do mais, lhes transmite a grande esperança de que também eles, como membros do Corpo de Cristo, atingirão a glória, que a Cabeça, Cristo, alcançou. Os discípulos se alegram porque aquele a quem amam, Jesus, chega à meta com Deus Pai.

É feliz quem se doa. Quando há diversidade de opinião em futilidades devemos ceder; quando gostaríamos de descansar e o filho pede a nossa ajuda, devemos amar. O egoísmo traz infelicidade. Quem se presta para o bem daquele a quem ama é verdadeiramente feliz, porque “há mais alegria em dar do que em receber”.

Estar quer dizer compartilhar. Jesus sobe aos céus para nos preparar uma morada como tinha anunciado. Ele vai corporalmente, mas fica espiritualmente. Fica porque envia o seu Espírito; o Espírito Santo quem ensinará todas as coisas. O Espírito Santo nos acompanha iluminando a nossa mente, fortalecendo a nossa vontade, aquecendo o nosso coração. Enquanto não o rechacemos Ele estará do nosso lado nos momentos de escuridão como luz; quando o caminho se torna fatigoso ou doloroso de andar, Ele caminha ao nosso lado. Não nos deixa só.

Sem. Antonio Maldaner, LC
Fonte: www.pastoralis.com.br/pastoralis/html/modules/smartsection/item.php?itemid=719

6º Domingo da Páscoa - Ano C

O AMOR SE TRADUZ EM OBRAS, NÃO EM BOAS RAZÕES.

"Cada Santa Missa que assistires, alcançar-te-á, no Céu, maior grau de glória". São Jerônimo.

Resumo das leituras:


1ª leitura (Atos 15, 1-2. 22-29): "Decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo".

Salmo 66: Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor.

2ª leitura (Apocalipse 21, 10-14. 22-23): "Mostrou-lhe a cidade santa, descendo do céu".

Evangelho (João 14, 23-29): "Se alguém me ama guardará a minha palavra".

REFLEXÃO:

Leônidas, pai de Orígines, beijava o peito do pequeno filho dizendo: “Aqui mora a Santíssima Trindade”. Nós, batizados, somos Templos do Espírito Santo. Não estamos sós, porque Ele está conosco. Mas, devemos acolher e dar atenção a este hóspede ilustre para que esteja sempre feliz nessa morada.

Somos amigos de Deus quando observamos os mandamentos. Quando não tínhamos o uso de razão éramos inocentes; inculpáveis dos nossos atos. Deus habitava no nosso interior, passeando livremente como se de um jardim de Éden se tratasse. Com o passar do tempo, à medida que crescemos, adquirimos responsabilidade, de forma que livremente devemos conservar essa amizade com Deus com nossas obras.

Antes Deus morava espontaneamente na nossa vida, suprindo a nossa carência de liberdade, mas com o uso da razão, requer uma correspondência livre da nossa parte para permanecer.

Deus entra e fica... Quem realmente ama a Deus observa os Seus mandamentos. Deus entra no seu coração e permanece, porque o amor enche plenamente o seu coração, de forma que quando vem a tentação, não causará nenhum dano a este amor.

Devemos realmente considerar se com a língua, com o pensamento, ou com as ações estamos realmente amando a Deus. Quando existe amor, também existirão obras. Eu não conheço um jovem apaixonado que esteja isolado reprimindo o seu amor. Pelo contrário, manifestará à pessoa amada os sentimentos do seu coração, lhe fará carícias, dará flores no dia do seu aniversário, etc. A prova do amor está nas obras. Se há amor a Deus, far-se-á coisas grandes, mas se não houver obras, tampouco haverá amor.

Em alguns entra Deus, mas não fica. Deus entra na vida deles por duas razões principais: pela recepção do Batismo ou por um ato forte de compunção e arrependimento, mas em seguida se apresenta a tentação que faz esquecer essa compunção e a pessoa troca Deus pelo pecado. Assim, a alma deixa de ser templo de Deus para ser um hotel sujeito aos vaivéns dos prazeres da carne. Amamos a Deus quando orientamos o nosso prazer seguindo a norma dos Seus mandamentos. A causa pela qual Deus não permanece é que as suas obras perdem essa amizade.

Portanto, amamos a Deus quando orientamos o nosso prazer seguindo a norma dos Seus mandamentos. Amamos a Deus indo à Missa no domingo quando gostaria de continuar dormindo; amamos a Deus voltando cedo para casa sem fazer esperar a esposa amada; amamos a Deus quando não comprometo a minha saúde ou vida, nem daqueles ao meu redor, etc. Essas são as obras de alguém que valoriza o que tem: a amizade de Deus.

As obras são a coroa da presença de Deus. Se as nossas obras são más, é porque as palavras de Deus não repercutem na nossa vida, como diz o Evangelho, ou em outras palavras: Deus não habita em nós. Façamos um exame de consciência sobre as minhas obras e em oração coloquemos um propósito de adesão pessoal a Deus.

Sem. Antonio Maldaner, LC
Fonte: www.pastoralis.com.br/pastoralis/html/modules/smartsection/item.php?itemid=707

5º Domingo da Páscoa - Ano C

O AMOR RENOVA O HOMEM.
"Os heréticos não querem reconhecer que a Eucaristia é a carne do Nosso Salvador Jesus Cristo, carne que sofreu pelos nossos pecados e que o Pai, na Sua bondade, ressuscitou". Santo Inácio de Antioquia

Resumo das leituras:

1ª leitura (Atos 14, 21b-27): "Eles os confiavam ao Senhor, em quem haviam acreditado".

Salmo 144: Bendirei o Vosso Nome para sempre, oh meu Deus!

2ª leitura (Apocalipse 21, 1-5a): "Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos".

Evangelho (João 13, 31-35): "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".

REFLEXÃO:

Uma antiga lenda conta que Adão, a ponto de morrer, pede ao seu filho “Set” procurar, nos confins do Paraíso perdido, o elixir ou óleo medicinal que o manteria em vida. Isso é o que todo mundo almeja: o remédio da imortalidade, a vida eterna.

Quando nos encontramos física ou animicamente decaídos, não nos rendamos: o amor renova o homem.

O evangelho de hoje nos fala de amor. Mas de que amor se trata? Não de um amor carnal, porque Cristo faz um esclarecimento: “como eu vos amei”. Deixemos o amor preencher todas as fendas do nosso coração, de forma a não deixarmos que o ódio nos tire a paz. Os ciúmes, as iras, as discórdias fazem com que o nosso coração envelheça. Só o amor nos renova continuamente e mantém o nosso interior sempre jovem.

Este “como eu vos amei” deixa a meta bem alta. Não se trata de idealismo, porque não é alcançável, mas de um modelo, o qual procuro imitar quanto eu puder. Não é amor carnal, cujos vícios são descritos por São Paulo em Gal 5, 9: “libertinagem, fornicação, bebedeiras...”, mas de entrega sincera, generosa, ainda que marcada pelo sacrifício ao próximo. Isso é o que renova o homem por dentro.

“Acreditemos no Amor”, nos dirá a primeira leitura. O Amor nos foi dado, se fez acessível, de forma que não fomos lançados neste mundo e abandonados à nossa sorte. Deus veio até nós em Jesus Cristo, Se entregou a nós por amor restabelecendo a relação com Deus que o pecado rompeu.

Agora, não temos nada a perder, mas tudo a ganhar. Basta amar de verdade. Quem está convencido desta grande verdade: que o amor transforma o homem; deixará que Cristo lhe mostre o caminho do Paraíso, porque já viverá nos seus inícios a vida de Deus.

Amor é entrega. Nas Sagradas Escrituras o amor de Deus para com o Seu povo é geralmente expressado com a imagem esponsal. A 2ª leitura diz que a Igreja celeste está pronta, como esposa que se enfeitou para o seu esposo. Isso é, cheia de caridade, que a embeleceu e a fez digna de tão grande esposo.

Somos parte dessa Igreja que caminha em direção à Igreja Celestial. Façamos que o nosso agir contribua a embelezar a Igreja. O amor é o elixir da juventude eterna, que dará à nossa alma a plenitude de vida que almejamos.

Sem. Antonio Maldaner, LC
Fonte: www.pastoralis.com.br/pastoralis/html/modules/smartsection/item.php?itemid=704

4º Domingo da Páscoa - Ano C

NASCEMOS PARA A VIDA PRESENTE, MAS RENASCIDOS PARA A VIDA ETERNA.

"Assim como dois pedaços de cera derretidos juntos se tornam um, assim aquele que comunga; de tal sorte está unido a Cristo, que ele vive em Cristo e Cristo nele". São Cirilo de Jerusalém

Resumo das leituras:

1ª leitura (Atos 13,14. 43-52): "Todos, os que eram destinados à vida eterna, abraçaram a fé".

Salmo 99: Nós somos Seu povo e Seu rebanho.

2ª leitura (Apocalipse 7,9. 14b-17): "Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro".

Evangelho (João 10,27-30): "Eu dou-lhes a vida eterna e eles jamais se perderão".

REFLEXÃO:

Eu lhes dou a vida eterna... Cristo ressuscitou e nós O seguimos, assim como as ovelhas seguem o seu pastor. Ele nos conduz a pastagens que saciarão a nossa fome física, a fome de felicidade, de realização pessoal, porque nos dará a vida eterna.

O mundo nos proporciona muitos bens, é certo; bens que dão prazer, gozo, satisfação. Contudo, sentimos que o nosso desejo de felicidade não se completa, porque temos uma capacidade superior. Em outras palavras: estamos feitos para a eternidade.

E como será a eternidade? A segunda leitura dá uma pista: lá “não derramaremos lágrimas”. Isso quer dizer que cessarão os sofrimentos e uma vida assim, sem dor, é uma vida inteiramente feliz. Adeus câncer, enxaqueca, gripe; adeus preocupações e aflições; discussões e brigas. “Tudo passa, só Deus basta”.

A eternidade já começou para nós cristãos. O batismo fez de nós “filhos de Deus”, ao nos incorporar a Cristo. Assim, com Cristo, a nossa herança está no Céu. Por isso, os padres da Igreja proclamavam a todos os ventos da terra: “Reconhece, oh cristão, a tua dignidade!” Isso é o que se pode observar na primeira leitura: apesar da perseguição que sofriam os cristãos, estavam cheios de alegria e de Espírito Santo.

A felicidade não é algo exterior, é mais profunda, é estar com Deus. “Ora, a vida eterna é esta: que eles conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo” (Jo 17,3). Então, a pergunta é: já conhecemos a Deus?

Como obter a vida eterna? Para isso não é suficiente o Batismo, mas viver as exigências de um batizado. Isso comporta toda a vida de uma pessoa. O Evangelho de hoje diz: “Eu as conheço”. Isso quer dizer que Cristo percebe uma marca indelével em nós, a do Batismo. É isso o que o Batismo gera: pureza, santidade, uma marca divina, como um vestido novo completamente branco.

No entanto, com o passar do tempo, Deus continua olhando para a nossa alma. Ele nos reconhecerá se a mantivermos branca, pura, imaculada. É isso o que o Evangelho diz com aquele: “Eu os conheço”, porque se mantiveram fiel ao dom da amizade iniciada no Batismo.

O nosso modo de viver compromete o nosso Batismo e a vida eterna. Nada do que eu faço na vida é indiferente diante de Deus: ou será para o meu bem final ou me prejudicará eternamente. Somos responsáveis pelo nosso futuro e pelo futuro de tantas pessoas, porque o nosso modo de viver, querendo ou não, influi nas pessoas ao nosso redor.

Façamos um ato de reparação pelas manchas que diariamente deixo na minha alma, por exemplo, dando uma ajuda a uma pessoa que estiver em necessidade.

Sem. Antonio Maldaner, LC
Fonte: www.pastoralis.com.br/pastoralis/html/modules/smartsection/item.php?itemid=701

3º Domingo da Páscoa - Ano C

NINGUÉM VAI ATÉ CRISTO, SENÃO ATRAVÉS DA IGREJA.
"Para se aproximar dignamente deste grande sacramento, deve-se escolher aqueles dias nos quais se vive com maior pureza e continência". Santo Agostinho

Resumo das leituras:

1ª leitura (Atos 5, 27b-32.40b-41): "É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens".

Salmo 29: Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes.

2ª leitura (Apocalipse 5, 11-14): "O Cordeiro imolado é digno de receber o poder e a riqueza".

Evangelho (João 21, 1-19): "Disse-lhe Jesus: 'Apascenta as minhas ovelhas'".
REFLEXÃO:

Os peregrinos, que antigamente acudiam a Roma, percorriam ruas estreitas sem boa visibilidade sobre as casas. Mas, num determinado momento, deixariam aqueles estreitos espaços para se depararem com a imensa Basílica de São Pedro e a enorme colunata de Bernini. Ela está disposta num semicírculo e simboliza a Igreja com os seus braços abertos, numa expressão de acolhida em seu seio de quantos a ela se dirigem.

A Igreja nunca desfalecerá. Atualmente é atacada por todos os lados; são muitos os leões que lhe colocam ciladas. No entanto, Cristo está do seu lado, é a sua Cabeça, e não deixará que naufrague.

Duas são as pescas dos Evangelhos. Santo Agostinho comenta que a primeira pesca representa a Igreja neste mundo, enquanto a pesca do Evangelho de hoje quer dar a entender o que será a Igreja dos últimos tempos, uma Igreja imaculada, de santos.

A santidade é fruto de muita purificação da forma de ser e de comportamentos contrários à imagem divina, que Deus nos concedeu no dia do nosso batismo. Quem faz da Igreja o seu lar e dos seus ensinamentos norma de vida não verá a corrupção.

Jogar as redes do lado direito... Essa explicitação só aparece nesta pesca. A Igreja da terra recolhe os peixes: bons ou ruins. Ela é feita de santos e pecadores, de árvores que contêm belos frutos ou virtudes, mas também vícios e defeitos.

Nós também experimentamos ambas coisas na nossa vida. Não há pessoa que, por maldosa que seja, não tenha algo de bom. Cristo sabe disso, por isso pede a Pedro repetir três vezes “eu te amo”, a fim de que obedeça ao amor não menos de quanto obedeceu ao temor. Contudo, Cristo pede a Pedro que recolha os frutos. O Pedro dos nos nossos dias é Bento XVI, o Vigário de Cristo na terra. Assim, quem permanece na Igreja de Cristo terá muito fruto.

A rede não se rompe. Esta também é uma expressão distintiva desta pesca. Está caracterizada pela paixão, morte e ressurreição de Cristo. Cristo é a garantia da vida da Igreja. Ele não permitirá que nenhum mal a destrua. Eu não posso estar com Cristo e estar fora da Igreja, porque Cristo é o capitão desta barca. Cristo age de modo visível por meio dos seus representantes na terra, de modo especial através do Papa.

A perseguição que sofre a Igreja requer uma atitude por parte dos seus filhos. A infidelidade de alguns ministros entristece a todos, porém muitos meios querem atribuir o problema à toda a Igreja, ao Papa, aos Bispos, a todos os sacerdotes.

Façamos o propósito de rezar pelos sacerdotes para que, no término do ano a eles dedicado, Deus seja o seu único Amor, como Cristo o foi para Pedro.

Sem. Antonio Maldaner, LC
Fonte: www.pastoralis.com.br/pastoralis/html/modules/smartsection/item.php?itemid=697