sábado, 18 de dezembro de 2010

I Domingo do Advento (Ano A)

Roteiro Homilético – I Domingo do Advento (Ano A)

RITOS INICIAIS

Salmo 24, 1-3

Antífona de entrada: Para Vós, Senhor, elevo a minha alma. Meu Deus, em Vós confio. Não seja confundido nem de mim escarneçam os inimigos. Não serão confundidos os que esperam em Vós.

Introdução ao espírito da Celebração

Começamos, no primeiro Domingo do Advento, um novo ano litúrgico. Nele somos convidados a preparar a vinda do Senhor.

À semelhança da natureza a qual, depois de uma morte aparente manifestada pelas folhas secas, as plantas começam a revestir-se de folhas e flores, até nos oferecerem os saborosos frutos, de modo semelhante somos instados a despertar da morte aparente da tibieza, para oferecermos ao Senhor as folhas e flores dos bons desejos e os frutos saborosos das boas obras.

Acto penitencial

Ocupados pelas preocupações desta vida terrena, esquecemos com muita facilidade o verdadeiro motivo por que nos encontramos aqui e procedemos como se tivéssemos de viver aqui para sempre.

Imploremos a misericórdia do Senhor para os nossos pecados por pensamentos, palavras, obras e omissões e prometamos, com a Sua ajuda, emenda de vida.

Deus todo poderoso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna.

Oração colecta: Despertai, Senhor, nos vossos fiéis a vontade firme de se prepararem, pela prática das boas obras, para ir ao encontro de Cristo, de modo que, chamados um dia à sua direita, mereçam alcançar o reino dos Céus. Por Nosso Senhor…

Liturgia da Palavra

Primeira Leitura

Monição: Isaías profetiza acerca do Dia do Senhor. A pesar dos pecados do Seu Povo e da infeliz situação em que Judá se encontra, o profeta vislumbra um horizonte de esperança pela restauração que vai operar a vinda messiânica e escatológica. Nela está sublinhado lugar central e universal de Sião, «o monte do Senhor», isto é, Jerusalém, figura da Igreja.

Isaías 2, 1-5 1

Visão de Isaías, filho de Amós, acerca de Judá e de Jerusalém:
2 Sucederá, nos dias que hão-de vir, que o monte do templo do Senhor se há-de erguer no cimo das montanhas e se elevará no alto das colinas. 3Ali afluirão todas as nações e muitos povos acorrerão, dizendo: «Vinde, subamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus de Jacob. Ele nos ensinará os seus caminhos e nós andaremos pelas suas veredas. De Sião há-de vir a lei e de Jerusalém a palavra do Senhor». 4Ele será juiz no meio das nações e árbitro de povos sem número. Converterão as espadas em relhas de arado e as lanças em foices. Não levantará a espada nação contra nação, nem mais se hão-de preparar para a guerra. 5Vinde, ó casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor.


Esta pequena leitura é um dos mais belos textos poéticos de todo o Antigo Testamento, um cântico de exaltação da Jerusalém ideal e da paz messiânica. É um texto paralelo a Miq 4, 1-3.

1 «Isaías, filho de Amós», não o profeta do séc. VIII que pregou no reino do Norte, pois em hebraico o nome tem outra grafia.

2-3 Numa visão puramente humana, podia pensar-se que estamos diante dum texto sionista. A verdade é que o texto transcende o campo político e move-se num clima escatológico e messiânico: «Jerusalém», ou «Sião», é imagem da Igreja, «a nova Jerusalém» (cf. Gal 4, 26; Apoc 21, 2-4.10-27), para onde «afluirão todas as nações e muitos povos acorrerão» (v. 3). Isaías anuncia a conversão dos povos (gentios) ao único Deus, o de Israel, uma conversão que é dom de Deus, mas que também implica esforço humano – «subamos…» e docilidade – «Ele nos ensinará… e nós andaremos…». Os povos sentir-se-ão atraídos pela sublimidade de uma lei e de uma doutrina, que é a própria «palavra do Senhor». O texto pressupõe um pregador desta palavra, um profeta; e Jesus é o Profeta messiânico por excelência (cf. Act 3, 22; Jo 1, 21; 6, 14; Lc 7, 16). De qualquer modo, a Liturgia do Advento, nesta «palavra do Senhor que sairá de Jerusalém», leva-nos a vislumbrar o Verbo de Deus que se há-de manifestar no mistério da sua Incarnação a celebrar no Natal que se aproxima.

4 A paz messiânica, aqui imaginosamente descrita, não se pode considerar como algo meramente ideal, utópico e irreal; com efeito, com a fundação da Igreja, Cristo lançou no mundo um eficacíssimo fermento de paz e de unidade de todo o género humano; e quando todos os homens aderirem sinceramente a Cristo e à sua Igreja teremos a plena realização desta imagem tão bela como arrojada: as espadas convertidas em relhas de arado e as lanças em foices. É de notar que o Deus da Revelação jamais poderá ser invocado por ninguém como «um factor de guerra»; seria uma forma retorcida e refinada de «invocar o santo nome de Deus em vão», contrariando um absoluto moral bem claro, que é o segundo preceito do Decálogo (cf. Ex 20, 7; Dt 5, 11).

Salmo Responsorial Salmo 121 (122), 1-2.4-5.6-7.8-9 (R. cf. 1)

Monição: Na cidade santa de Jerusalém encontravam os hebreus o resumo das promessas de salvação do Senhor. Por isso, ao dirigirem-se para lá, cantavam o salmo 121, exprimindo a sua alegria por caminharem ao encontro da salvação prometida.

Refrão: Vamos com alegria para a casa do Senhor.

Alegrei-me quando me disseram:
«Vamos para a casa do Senhor».
Detiveram-se os nossos passos
às tuas portas, Jerusalém.

Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor,
segundo o costume de Israel, para celebrar o nome do Senhor;
ali estão os tribunais da justiça,
os tribunais da casa de David.

Pedi a paz para Jerusalém:
«Vivam seguros quantos te amam.
Haja paz dentro dos teus muros,
tranquilidade em teus palácios».

Por amor de meus irmãos e amigos,
pedirei a paz para ti.
Por amor da casa do Senhor,
pedirei para ti todos os bens.

Segunda Leitura

Monição: S. Paulo exorta os fieis de Roma a prestar atenção ao tempo de salvação em que vivemos.

Estamos em tempo de prova, perante a última oportunidade que o Senhor nos oferece para nos salvarmos. Esta verdade de fé impõe-nos uma conduta de vigilância e generosidade.

Romanos 13, 11-14

11 Irmãos: Vós sabeis em que tempo estamos: chegou a hora de nos levantarmos do sono, porque a salvação está agora mais perto de nós do que quando abraçámos a fé. A noite vai adiantada e o dia está próximo. Abandonemos as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. 13Andemos dignamente, como em pleno dia, evitando comezainas e excessos de bebida, as devassidões e libertinagens, as discórdias e os ciúmes; 14não vos preocupeis com a natureza carnal, para satisfazer os seus apetites, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.

A leitura, tirada da parte moral e exortatória da epístola (Rom 12, 1 – 15, 13), está em consonância com o Evangelho de hoje, constituindo uma forte exortação à vigilância, a atitude de que quem espera a vinda de Jesus, pois «o dia está próximo» (v. 12). A Santa Igreja, com estas leituras no começo do Advento, tempo de preparação para o Natal, pretende ajudar os seus filhos a que, ao celebrarem a primeira vinda de Jesus, se preparem também para a sua vinda definitiva.

Há quem pense, com base em Ef 5, 14 que esta passagem do texto da leitura corresponda a um hino baptismal da Igreja primitiva (H. Schlier). Podemos também perguntar-nos se Paulo não estaria a pensar numa proximidade cronológica do fim dos tempos e da segunda vinda de Cristo, tendo em conta o que diz em 1 Tes 4, 15.17 e 1 Cor 15, 51-52; a verdade é que não temos aqui qualquer espécie de especulação apocalíptica, mas antes a especificação do que é a existência cristã, a saber, uma vida aberta ao futuro, em atitude de fé e de esperança, abraçando as exigências de vigilância e de renúncia às obras das trevas e à satisfação dos apetites carnais, uma vida nova, que é revestir-se do Senhor Jesus Cristo (v. 14).

11 «Chegou a hora de nos levantarmos do sono» (uma boa esporada para começar o ano litúrgico). O sono é próprio da noite; e a noite é imagem da morte e do pecado, «as obras das trevas», (v. 12); por outro lado, há uma afinidade ontológica entre o cristão e o dia – a luz -, uma exigência do ser cristão, uma vez que Cristo é a luz do mundo: «vós sois a luz do mundo» (Mt 5, 14) e «Eu sou a luz do mundo» (Jo 8, 12); o cristão é aquele que deixou iluminar a sua alma, a sua vida, os seus pensamentos, por Cristo, «a luz que brilha nas trevas» (Jo 1, 5), por isso, «a noite vai adiantada» (v. 12), e, embora ainda não seja pleno dia, já temos a luz suficiente para seguir a Cristo e não ao pecado. Com razão os cristãos são designados com o genitivo hebraico de qualidade, «filhos da luz»: Lc 16, 8; Jo 12, 36; Ef 5, 8; 1 Tes 5, 5 (aqui também chamados «filhos do dia»)

12 «Obras das trevas»: o mesmo que obras tenebrosas ou pecaminosas, muitas das quais, como as que aponta o v. 13, se costumam praticar na clandestinidade da escuridão e da noite.

«Armas da luz», são as virtudes, em especial as teologais (cf. 1 Tes 5, 8; Ef 6, 13-17). Notar que esta expressão paulina, armas, uma vez mais põe em evidência que a vida cristã é uma luta diária.

14 «Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo». Revestir-se, na linguagem bíblica, não significa apenas vestir uma farda (nas festas pagãs, os iniciados vestiam-se à maneira da divindade celebrada), mas trata-se duma identificação na linha do ser: assim, no A. T., revestir-se de justiça, de força, etc., corresponde a tornar-se justo, forte, etc. Revestir-se de Cristo é, pois, identificar-se com Cristo, «ter os mesmos sentimentos de Cristo» (Filp 2, 5). O fiel revestido de Cristo, a partir do Baptismo (cf. Gal 3, 27), tem ainda que se deixar impregnar cada vez mais intensamente por Ele nos novos sectores para os quais se vai abrindo a sua vida, ao desenvolver-se. Ser de Cristo é crucificar a sua carne com todo o cortejo dos seus vícios e apetites desordenados (cf. Gal 5, 24).

Aclamação ao Evangelho

Salmo 84, 8

Monição: Nesta caminhada de salvação, contamos principalmente com a misericórdia do Senhor para a alcançarmos. Com a certeza de que o Senhor nunca falta às Suas promessas, aclamemos com alegria o Evangelho da salvação.

Aleluia

Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia e dai-nos a vossa salvação.

Evangelho

São Mateus 24, 37-44

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 37«Como aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho do homem. 38Nos dias que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; 39e não deram por nada, até que veio o dilúvio, que a todos levou. Assim será também na vinda do Filho do homem. 40Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado e outro deixado; 41de duas mulheres que estiverem a moer com a mó, uma será tomada e outra deixada. 42Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. 43Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa. 44Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem».

O Evangelho de hoje recolhe apenas 8 vv. do que se pode chamar o núcleo ético do discurso escatológico de Jesus em Mateus (Mt 24, 1 – 25, 46), a saber, a exortação moral à vigilância (Mt 24, 37 – 25, 30). Neste pequeno trecho podemos considerar três partes: vv. 37-39; 40-41; 42-44.

37-39 «Como aconteceu nos dias de Noé…» Jesus, segundo os ensinamentos morais rabínicos, apela para a lição do dilúvio: as pessoas preocupadas com a satisfação das necessidades imediatas, comer, beber, casar, esquecem o mais importante e são apanhadas de surpresa, sem estarem preparadas para dar contas a Deus da sua vida na hora duma morte inesperada (cf. Sab 10, 4; Hebr 11, 7; 1 Pe 3, 20; 2 Pe 2, 5).

40-41 O carácter imprevisível da vinda de Jesus é ilustrado com dois casos tirados da vida corrente em que uma pessoa se salva e a outra perece, para daqui tirar a lição moral (o nimxal rabínico): «portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá…».

42-44 A parábola do ladrão vem reforçar a lição moral anterior sobre a vigilância, repetida no v. 44, com outras palavras: «Estai vós também preparados!» Esta incerteza é para nós um bem, um estímulo. Se soubéssemos o dia do juízo, corríamos grande risco de nos desleixarmos em fazer o bem e de nos deixarmos arrastar pelo mal, sendo então muito mais fácil que nos viéssemos a condenar. Devemos estar vigilantes e preparados, como se cada dia fosse o último da nossa vida. O Senhor virá como um ladrão, mas apenas no que se refere ao imprevisto da hora, pois, sendo Ele o melhor dos pais, escolherá a melhor hora para os seus filhos, mas respeitando a liberdade de cada um.

Sugestões para a homilia

- Deus vem ao nosso encontro Vivemos numa atitude de espera Deus vem para nos salvar Ele respeita a nossa liberdade

- Ele vem para nos salvar Atenção aos sinais reveladores A esperança cristã Um programa para o Advento

1. Deus vem ao nosso encontro

A Igreja convida-nos, neste tempo do Advento, a preparar ais generosamente o acolhimento ao Senhor que nos vem salvar.

a) Vivemos numa atitude de espera. «Sucederá nos dias que hão-de vir, que o monte do templo do Senhor se há-de erguer no cima das montanhas e se elevará no alto das colinas.» Encontramo-nos perante as três vindas de Jesus Cristo que convergem numa só:

Ao preparar a vinda histórica de Jesus, leva-nos a comungar na esperança dos Patriarcas e Profetas que, ao longo do Antigo Testamento, suspiraram pela Sua vinda. Vamos celebrá-la – torná-la presente e participar nela – quando celebrarmos o Natal do Senhor. Como aquele que, sem apetite, quando se senta à mesa, o sente despertar, perante o dos outros, a Igreja, com a sua pedagogia de Mãe, coloca diante de nós as aspirações destes justos do Antigo Testamento, para despertar em nós estes mesmos desejos.

Aponta-nos para a vinda escatológica, no fim dos tempos, quando Ele vier sobre as nuvens do Céu, para julgar os vivos e os mortos e convida-nos a estar preparados para esse momento. A lembrança deste acontecimento ajuda-nos a olhar com maior seriedade a nossa vida de cada dia e a ter as contas da alma em ordem.

Anima-nos a um esforço para crescer na vida de intimidade com Deus, para que se torne realidade, no íntimo de cada um de nós, a vinda espiritual. Concretiza-se na renovação da nossa vida cristã, sacudindo toda a poeira da tibieza, para crescermos na intimidade com Deus.

b) Deus vem para nos salvar. «Ali afluirão todas as nações e muitos povos acorrerão…» A mensagem evangélica é claramente positiva e optimista. Não é tecida de ameaças de condenação, mas de promessas de salvação.

Na verdade, Deus ama-nos, e não Se cansa de nos oferecer provas do Seu amor infinito por nós. Ele não nos diz que ama a humanidade, mas os homens, cada um de nós.

Anima-nos a pôr a nossa vida em ordem, e a trabalhar pela santidade pessoal, recordando-nos que estamos em tempo de prova, à conquista de um prémio eterno.

Não podemos ficar em desejos vagos de melhorar a vida espiritual. É urgente formular propósitos concretos, indo ao encontro do nosso defeito dominante e ajudando os outros a uma vida mais feliz, a começar pela própria família. Por isso S. Paulo nos convida a despertar do sono. Despertar é um acto pessoal em que podemos ser ajudados, mas ninguém nos pode substituir a fazê-lo.

c) Ele respeita a nossa liberdade. «Vinde, subamos ao monte do Senhor ao templo do Deus de Jacob. Ele nos ensinará os Seus caminhos e nós andaremos pelas Suas veredas.» Que programa temos para este Advento que agora começa? Vamos deixar que tudo continue com a mesma rotina e frieza de sempre? Dentro dos nossos propósitos estão o acolhimento à Palavra de Deus, a mortificação pessoal, eliminando pequenos caprichos que se tornaram hábitos desnecessários e até prejudiciais e partilhando com os outros o nosso entusiasmo de caminhar ao encontro do Senhor.

Somos um povo em marcha. Também Maria Santíssima, depois de ter acolhido o Filho de Deus nas suas entranhas virginais, caminhou ao encontro de Isabel para lhe levar a alegria e a graça para o filho que trazia em seu ventre.

2. Ele vem para nos salvar

a) Atenção aos sinais reveladores. «Como aconteceu nos dias de Noé [...] não deram por nada, até que veio o dilúvio, que a todos levou.» A grande tentação dos homens de hoje é procurar o gozo do momento presente, sem olhar ao futuro, numa total falta de esperança. Por falta de fé, muitas pessoas hoje não esperam nada no futuro. Procura-se apenas uma vida light, sem riscos, sem responsabilidades: o sexo sem risco, o tabaco sem nicotina, a cerveja sem álcool…

Paralelamente a este modo de pensar, as pessoas sofrem hoje de uma grande incapacidade para se comprometerem para sempre. O medo ao compromisso definitivo, para sempre, é um dos grandes obstáculos na descoberta e na vivência de qualquer vocação. E como a vida não tem horizontes, surge a depressão, o suicídio, a união de facto, o divórcio.

b) A esperança cristã. «Chegou a hora de nos levantarmos do sono, porque a salvação está agora mais perto de nós…» É preciso levantar de novo a bandeira da esperança cristã. A nossa vida tem um sentido precisamos orientar a vida por ele.

A nossa vida tem um sentido: somos filhos de Deus e procuramos viver e intensificar na terra uma comunhão de vida com o Senhor e os irmãos para a continuar eternamente no Céu. O Pai ama-nos tanto que nos dá o Seu Filho Unigénito para nos salvar. Ele assume a nossa natureza humana, com todas as suas limitações, para Ser um de nós e nos elevar à Sua altura.

Todo o Advento nos lembra esta loucura de Deus que nos ama e faz tudo o que está nas Suas mãos – sem nos privar da liberdade pessoal, para nos salvar. Seja qual for a situação em que nos encontremos, temos sempre abertos os braços do Pai para nos acolher.

c) Um programa para o Advento. «Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o Senhor.» Toda a preparação do Advento a que a Igreja nos convida pode resumir-se na vigilância.

Para explicar a importância fundamental desta atitude na vida cristã, Jesus lança mão de duas imagens: o descuido dos contemporâneos de Noé, tão distraídos que não se aperceberam dos cuidados dele na construção da arca; e a imagem do ladrão que espera o momento em que a vítima está mais descuidada para desferir o golpe.

S. Paulo concretiza esta vigilância na Carta aos fiéis de Roma:

- Acordar do sono em que nos deixamos cair. A rotina e o desleixo invadem a nossa vida e acabamos por deixar de rezar e fazer desleixadamente a nossa oração. A tibieza tolhe o nosso verdadeiro amor na vida. É tempo de ressuscitar, de começar uma vida nova.

- Abandonemos as obras das trevas. As obras das trevas são todas aquelas que estão contra a Lei de Deus. S. Paulo sublinha duas delas: é preciso evitar comezainas e excessos na comida e na bebida.

Tudo isto nos fala da necessidade da mortificação cristã. Façamos um plano de pequenas mortificações que nos ajudem a viver cada vez mais despertos para o Natal que se aproxima.

- Revistamo-nos das armas da luz. Para ser santo não basta não fazer mal. É preciso realizar boas obras: oração, testemunho de caridade e de alegria. Mas, para as realizarmos, temos necessidade da luz da formação doutrinal. Sem ela não somos capazes de procurar o bem, a vontade de Deus.

- Andemos dignamente, como em pleno dia. Uma vida fundada na verdade, sem disfarces, eis o que o Senhor nos propõe neste princípio do Advento. Viver em pleno dia pode significar para nós conformar o comportamento com a nossa condição social, sem procurar grandezas artificiais e adoptar como lema nunca realizar qualquer obra da qual nos venhamos a envergonhar no juízo final. O melhor modo de viver bem este Advento é participar cada vez melhor na Celebração da Eucaristia, deixando-nos banhar pela Palavra de Deus e alimentando-nos com o Corpo e Sangue do Senhor.

Junto de Maria Santíssima – por uma devoção filial – aprenderemos a esperar e preparar a vinda ao mundo d’Aquele que vem para nos salvar.

Fala o Santo Padre

1. Começa hoje, primeiro Domingo do Advento, um novo ano litúrgico, durante o qual contemplaremos com particular ardor o rosto de Cristo, presente na Eucaristia. Jesus, Verbo encarnado, morto e ressuscitado, é o centro da história. A Igreja adora-O e vislumbra nele o sentido último e unificador de todos os mistérios da fé: o amor de Deus que dá a vida. […]

João Paulo II, Angelus, 28 de Novembro de 2004

Liturgia Eucarística

Introdução à Liturgia Eucarística

A Liturgia da Palavra é inseparável da Liturgia Eucarística, no santo Sacrifício do Altar. A Palavra de Deus purifica-nos para tomarmos parte no Banquete Eucarístico.

Recolhamo-nos, pois, e avivemos a nossa fé ainda mais, para celebrarmos estes augustos mistérios.

Oração sobre as oblatas: Aceitai, Senhor, estes dons que recebemos da vossa bondade e fazei que os sagrados mistérios que celebramos no tempo presente sejam para nós penhor de salvação eterna. Por Nosso Senhor.

Prefácio do Advento I: p. 453 (586-698)

Saudação da Paz

Toda a paz vem de Deus como um dom que o Pai nos dá pelo Seu Filho Jesus Cristo. Este dom será nosso, na medida em que nos disponibilizemos a aceitá-lo humildemente. Esta aceitação concretiza-se no propósito de acolhermos os nossos irmãos, pedindo perdão das ofensas cometidas e perdoando as que nos foram feitas. Com estas disposições, Saudai-vos na paz de Cristo!

Monição da Comunhão: Sem o mistério da Encarnação, no qual Maria ofereceu a Jesus tudo o que Ele tem de humano, a nossa comunhão sacramental não seria possível.

Imitando Maria, nossa Mãe, no momento da Anunciação, acolhamos em nós com fé, pureza e devoção, o Filho de Deus que Se nos dá em alimento.

Antífona da comunhão: O Senhor nos dará todos os bens e a nossa terra produzirá o seu fruto.

Oração depois da comunhão: Fazei frutificar em nós, Senhor, os mistérios que celebramos, pelos quais, durante a nossa vida na terra, nos ensinais a amar os bens do Céu e a viver para os valores eternos. Por Nosso Senhor.

Ritos Finais

Monição final: Vamos continuar a Missa no convívio da família, nas preocupações do trabalho e na convivência com os amigos e familiares. Levemos-lhes a esperança de Jesus Cristo nos ama, nos procura e quer salvar-nos.

Homilias Feriais

TEMPO DO ADVENTO 1ª SEMANA

2ª feira, 3-XII: S. Francisco Xavier: Confiança no Senhor.

Is 4, 2-6 / Mt 8, 5-11

A glória do Senhor será uma cobertura e uma tenda para servir de sombra contra o calor do dia e de refúgio e de abrigo contra a chuva e a tempestade.

O profeta Isaías proclama ao povo de Deus uma mensagem de confiança, destinada a todos, pela próxima vinda do Messias (cf. Leit). E Jesus realiza um milagre, sublinhando a fé do centurião (cf. Ev).

A cura das nossas feridas, dos nossos defeitos, vai igualmente exigir de nós uma maior fé e confiança em Deus. O Senhor precisa encontrar em nós uma maior fé: «Não encontrei tão grande fé» (Ev). Que o Senhor nos conceda a todos uma fé grande como a de S. Francisco Xavier, que o levou a evangelizar a Índia e o Japão, convertendo muitos à fé.

3ª feira, 4-XII: Os frutos da actuação do Espírito Santo.

Is 11, 1-10 / Lc 10, 21-24

Sobre ele repousará o Espírito do Senhor: espírito de sabedoria e de inteligência…

Isaías anuncia a actuação do Espírito Santo no Messias esperado (cf. Leit). Jesus estremece de alegria, pela acção do Espírito Santo (cf. Ev).

Esta plenitude do Espírito Santo há-de ser comunicada a todo o povo de Deus e os frutos serão abundantes: à hora de julgar, teremos uma ajuda da sabedoria divina, para julgarmos correctamente; distribuiremos à nossa volta um ambiente de convivência pacífica; os ensinamentos do Senhor serão a bandeira do nosso lar e da nossa terra; levaremos todos para a casa do Senhor (cf. Leit).

4ª feira, 5-XII: S. Frutuoso, S. Martinho do Dume e S. Geraldo: Só Deus pode saciar a nossa ‘fome’.

Is 25, 6-10 / Mt 15, 29-37

O Senhor do Universo há-de preparar, para todos os povos… um banquete de pratos suculentos, um banquete com excelentes vinhos.

O profeta anuncia a oferta de um banquete por parte do Messias (cf. Leit). Jesus realizou um dia esse banquete, pelo milagre da multiplicação dos pães e dos peixes (cf. Ev). O banquete é-nos servido diariamente na Eucaristia, na mesa do altar, e terá a sua consumação na vida eterna. Mantenhamos este desejo de recebê-lo bem para que Ele também nos receba bem na vida eterna. Só Ele poderá aliviar a dor do luto e da morte, e enxugar as nossas lágrimas (cf. Leit). Os Santos Bispos de Braga ensinaram os mistérios do Reino matando a fome a muitos fiéis.

5ª feira, 6-XII: Confiança na Palavra de Deus.

Is 26, 1-6 / Mt 7, 21. 24-27

Confiai sempre no Senhor, que é uma rocha eterna.

O profeta aconselha-nos a confiar sempre no Senhor (cf. Leit). Jesus é o Verbo, a Palavra de Deus, e anima-nos a ouvir e a pôr em prática as suas palavras (cf. Ev). Esta confiança na sua palavra exige, em primeiro lugar, ouvir bem o que o Senhor nos diz na oração, na leitura da Escritura, sobre os problemas que nos afectam diariamente no trabalho, na vida familiar, na construção de uma sociedade mais justa, etc. E, depois, a levá-lo à prática, para evitar que os costumes mundanos derrubem as nossas convicções (cf. Ev). Só assim seremos um bom apoio para os que nos rodeiam.

6ª feira, 7-XII: S. Ambrósio: Cura da cegueira espiritual.

Is 29, 17-24 / Mt 9, 27-31

Nesse dia, os surdos ouvirão a palavra do livro divino; libertos da escravidão e das trevas, os olhos dos cegos hão-de ver.

O profeta anuncia a realização de grandes prodígios, com a vinda do Messias (cf. Leit). Entre esses prodígios está a cura de dois cegos, que reconhecem o filho de David messiânico (cf. Ev).

Que o Senhor nos abra igualmente os olhos para a luz divina, que se desprende de Jesus, para podermos vê-lo nas pessoas que nos rodeiam, nos acontecimentos de cada dia; para vermos cada pessoa com sentimentos de misericórdia. S. Ambrósio era iluminado pela luz divina quando anunciava a palavra de Deus (cf. Oração sobre as Oblatas).

Celebração e Homilia: Fernando Silva
Nota Exegética: Geraldo Morujão
Homilias Feriais: Nuno Romão
Sugestão Musical: Duarte Nuno Rocha

Fonte: Celebração Litúrgica

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