domingo, 10 de maio de 2009

Pentecostes

Espírito Santo: Graça que desperta na fé.

"O Espírito é o único que pode ajudar às pessoas e as comunidades a libertarem-se dos velhos e novos determinismos, guiando-os com a lei do espírito que dá a vida em Cristo Jesus"
João Paulo II

Quem é o Espírito Santo?

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, o Espírito Santo é a "Terceira Pessoa da Santíssima Trindade". Quer dizer, havendo um só Deus, existem nele três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espírito Santo. Esta verdade foi revelada por Jesus em seu Evangelho.

O Espírito Santo coopera com o Pai e o Filho desde o começo da história até sua consumação, quando o Espírito se revela e nos é dado, quando é reconhecido e acolhido como pessoa. O Senhor Jesus no-lo apresenta e se refere a Ele não como uma potência impessoal, mas como uma Pessoa diferente, com seu próprio atuar e um caráter pessoal.

O Espírito Santo, o Dom de Deus

"Deus é Amor" (Jo 4,8-16) e o Amor que é o primeiro Dom, contém todos os demais. Este amor "Deus o derramou em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5,5).

Poste que morremos, ou ao menos, fomos feridos pelo pecado, o primeiro efeito do Dom do Amor é a remissão de nossos pecados. A Comunhão com o Espírito Santo, "A graça do Senhor Jesus Cristo, e a caridade de Deus, e a comunicação do Espírito Santo sejam todos vossos" (2Cor 13,13;) é a que, na Igreja, volta a dar ao batizados a semelhança divina perdida com o pecado.

Pelo Espírito Santo nós podemos dizer que "Jesus é o Senhor", quer dizer para entrar em contato com Cristo é necessário Ter sido atraído pelo Espírito Santo.

Mediante o Batismo nos é dado a graça do novo nascimento em Deus Pai por meio de seu Filho no Espírito Santo. Porque os que são portadores do Espírito de Deus são conduzidos ao Filho; mas o Filho os apresenta ao Pai, e o Pai lhes concede a incorruptibilidade. Portanto, sem o Espírito não é possível ver ao Filho de Deus, e sem o Filho, ninguém pode aproximar-se do Pai, porque o conhecimento do Pai é o Filho, e o conhecimento do Filho de Deus se alcança pelo Espírito Santo.

Vida e Fé. O Espírito Santo com sua graça é o "primeiro" que nos desperta na fé e nos inicia na vida nova. Ele é quem nos precede e desperta em nós a fé. Entretanto, é o "último" na revelação das pessoas da Santíssima Trindade.

O Espírito Santo coopera com o Pai e o Filho desde o começo do Desígnio de nossa salvação e até sua consumação. Somente nos "últimos tempos", inaugurados com a Encarnação redentora do Filho, é quando o Espírito se revela e nos é dado, e é reconhecido e acolhido como Pessoa.

O Paráclito. Palavra do grego "parakletos", o mediador, o defensor, o consolador. Jesus nos apresenta ao Espírito Santo dizendo: "O Pai vos dará outro Paráclito" (Jo 14,16). O advogado defensor é aquele que, pondo-se de parte dos que são culpáveis devido a seus pecados os defende do castigo merecido, os salva do perigo de perder a vida e a salvação eterna. Isto é o que Cristo realizou, e o Espírito Santo é chamado "outro paráclito" porque continua fazendo operante a redenção com a que Cristo nos livrou do pecado e da morte eterna.

Espírito da Verdade: Jesus afirma de si mesmo: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (Jo 14,6). E ao prometer o Espírito Santo naquele "discurso de despedida" com seus apóstolos na Última Ceia, diz que será quem depois de sua partida, manterá entre os discípulos a mesma verdade que Ele anunciou e revelou.

O Paráclito, é a verdade, como o é Cristo. Os campos de ação em que atua o Espírito Santo são o espírito humano e a história do mundo. A distinção entre a verdade e o erro é o primeiro momento de tal atuação.

Permanecer e atuar na verdade é o problema essencial para os Apóstolos e para os discípulos de Cristo, desde os primeiros anos da Igreja até o final dos tempos, e é o Espírito Santo quem torna possível que a verdade sobre Deus, o homem e seu destino, chegue até nossos dias sem alterações.

Símbolos

O Espírito Santo é representado de diferentes formas:

Água: O simbolismo da água é significativo da ação do Espírito Santo no Batismo, já que a água se transforma em sinal sacramental do novo nascimento.

Unção: Simboliza a força. A unção com o óleo é sinônimo do Espírito Santo. No sacramento da Confirmação o confirmando é ungido para prepará-lo para ser testemunha de Cristo.

Fogo: Simboliza a energia transformadora dos atos do Espírito.

Nuvem e Luz: Símbolos inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo. Assim desce sobre a Virgem Maria para "cobri-la com sua sombra" . No monte Tabor, na Transfiguração, no dia da Ascensão; aparece uma sombra e uma nuvem.

Selo: é um símbolo próximo ao da unção. Indica o caráter indelével da unção do Espírito nos sacramentos e falam da consagração do cristão.

A Mão: Mediante a imposição das mãos os Apóstolos e agora os Bispos, transmitem o "Dom do Espírito".

A Pomba: No Batismo de Jesus, o Espírito Santo aparece em forma de pomba e posa sobre Ele.

OS DONS E FRUTOS DO ESPÍRITO SANTO

A vida moral dos cristãos é sustentada pelos dons do Espírito Santo que tornam o homem dócil para seguir os impulsos do mesmo Espírito.

Os sete Dons do Espírito Santo são: Sabedoria, inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus. Eles completam e levam à perfeição as virtudes daqueles que os recebem.

O DOM DE DEUS – DEUS É AMOR (Jo.4,8-16) e o Amor é o primeiro dom. Nele, estão contidos os demais. Este AMOR, “Deus o derramou nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm.5,5).

O Apóstolo Paulo nos diz: “Existem dons diferentes, mas, o Espírito é o mesmo”, diferentes serviços, mas, o Senhor é o mesmo”(Co 12,4).

O Espírito nos dá o Dom da Escuta, isto é, a capacidade de escutar a voz de Deus e a voz daqueles que ninguém escuta.

O Espírito nos comunica o Dom da Oração. É o dom que nos faz desejar ficar com Deus, responder-lhe, falar-lhe nossos problemas e as necessidades do nosso povo.

O Espírito nos dá o Dom do Anúncio, ajudando-nos a proclamar a todos, com as palavras e a vida, a Boa Nova que salva.

O Espírito nos dá o Dom da Fraternidade que é a disponibilidade de aceitar e promover a todos como irmãos e filhos do mesmo Pai.

Os Dons que recebemos do Espírito Santo em abundância devem ser usados para nossa santificação e para promover os irmãos que mais precisam. Em Mateus encontramos a Parábola dos Talentos que nos faz refletir sobre o bom uso dos Dons do Espírito Santo (Mt.25,14-15).

A partir do Dia de Pentecostes, o Reino anunciado por Cristo está aberto aos que crêem nele. Na humildade da carne e na fé, eles participam da comunhão da Santíssima Trindade. O Espírito Santo faz o mundo entrar nos últimos tempos, pois o tempo da Igreja, o Reino já recebido em herança, mas ainda não consumado: “Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito Celeste, encontramos a verdadeira fé: adoramos a trindade invisível, pois foi ela quem nos salvou” (Liturgia Bizantina).

Os Frutos do Espírito Santo são perfeições que o Espírito Santo modela em nós como primícias da glória eterna. A tradição da igreja enumera doze: “caridade, alegria, paz, paciência, generosidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência e castidade”(Gl.5,22-23)

As VIRTUDES dispõem os cristãos a viverem em relação com a Santíssima Trindade. Têm Deus como origem, motivo e objetivo. É uma disposição habitual e firme de fazer o bem.

VIRTUDES CARDEAIS – a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.

A Prudência nos faz discernir o bem e o mal.

A Justiça é a vontade constante de dar a Deus e ao próximo o que lhe é devido.

A Fortaleza dá segurança nas dificuldades, firmeza e constância na busca do bem.

A Temperança modera a atração dos prazeres sensíveis e procura o equilíbrio no uso dos bens criados.

VIRTUDES TEOLOGAIS – São: Fé, Esperança e Caridade vivificam todas as virtudes morais.

Pela , cremos em Deus e em tudo o que ele nos revelou.

Pela Esperança, ansiamos pela vida eterna.

Pela Caridade, amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como Ele nos amou. Ela é o vínculo da perfeição (Cl.3,4).

A Graça do Espírito Santo nos dá a justiça de Deus. A Graça é o auxílio que Deus nos concede para responder a nossa vocação de nos tornar seus filhos adotivos.

A Graça Santificante é um Dom Gratuito. Deus infunde o Espírito Santo em nossa alma para curá-la do pecado e santificá-la. Ela nos faz agradáveis a Deus.

Através do Espírito Santo podemos merecer para nós, e para os outros, todas as graças úteis para receber a vida eterna e os bens temporais necessários.

O espírito Santo que Cristo, Cabeça, derrama nos seus membros, constrói, anima e santifica a Igreja. Na plenitude do tempo, o Espírito Santo realiza em Maria todas as preparações para a vinda de Cristo no Povo de Deus. E pela ação do Espírito Santo nela, o Pai dá ao mundo, o EMANUEL, DEUS CONOSCO (Mt1,23).

REFLEXÃO:

O Espírito Santo age de que forma em nossa vida?

Quais os dons que recebemos do Espírito Santo e que desfrutamos mais freqüentemente?

ORAÇÃO:

Espírito Santo, tu és a alma da minha alma!
Adoro-te, humildemente.
Ilumina-me, fortalece-me, guia-me e consola-me aos planos do eterno Pai.
Faze-me conhecer o que o Amor Eterno quer de mim.
Faze-me conhecer o que devo fazer.
Faze-me conhecer o que devo sofrer.
Quero que a minha vida seja um contínuo e perpétuo SIM aos desejos e à vontade do Pai Eterno. Amém.

Paróquia São Francisco Xavier- Niterói - 2003
“Círculo Felicidade” – Dirigentes: Abel e Lourdinha Passos
Padre Pedrol P. de Morais

JMJ

Qual é a diferença entre graça e dom?

O que é a Graça?

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a graça é o favor, o auxílio gratuito que Deus nos dá para responder a seu chamado: chegar a ser filhos de Deus, filhos adotivos partícipes da natureza divina, da vida eterna.

Ao falar e graça é feita uma distinção:

a) Graça Santificante: É uma disposição estável e sobrenatural que aperfeiçoa a alma para torná-la capaz de viver com Deus, de atuar por seu amor. E esta é recebida no Batismo e quando a perdemos pelo pecado mortal a recuperamos no Sacramento da Confissão.

b) Graça Atual: São as intervenções de Deus em nossas vida para nos ajudar na conversão e no crescimento em santidade. Quer dizer, são aquelas graças que Deus derrama em momentos específicos de nossas vidas em que recebemos uma luz nova sobre a vida de Deus e a vida em Deus, ou em um momento de tentação para poder suportá-la e vencer, ou as graças que nos são dadas em um momento de sofrimento ou prova que nos ajudam a ter a fortaleza necessária para suportá-los. Estas graças são auxílios momentâneos da parte de Deus para nos ajudar em nossa vida diária.

A graça aumenta à medida que permitimos ao Espírito Santo atuar pela participação nos sacramentos, a oração e a vida virtuosa - tudo pelos méritos de Cristo. A graça nos assemelha à vida de Cristo: suas virtudes, forma de pensar e de agir.

O que são os dons?

Novamente voltando ao Catecismo, quando se fala de "dons" refere-se àqueles "presentes" que o Espírito Santo nos dá. Os Dons são disposições permanentes que tornam o homem dócil para seguir os impulsos do Espírito Santo.

Os dons de santificação são aquelas disposições que nos fazem viver a vida cristã completando e levando a sua perfeição as virtudes em nossas vidas. Estes são sete e a Igreja se refere a eles como "os dons do Espírito Santo". Estes dons são recebidos no Batismo, mas estão como presentes sem abrir, logo na Confirmação voltamos a receber uma efusão do Espírito para desenvolvê-los.

Os carismas. Além dos dons de santificação, o Espírito Santo no dá carismas, dos quais São Paulo nos fala: "Há diversidade de carismas, mas o Espírito é o mesmo; diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; diversos modos de ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o Dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos." (1Cor 12, 4-7).

Os carismas são como ferramentas. A graça é dada a todos, mas a cada um carismas diferentes segundo nossa missão. Estes podem ser usados bem ou mal. Não são condição nem garantia de santidade. Já que Deus nos criou livres, os carismas podem ser bem ou mal utilizados. Pode ser o caso de alguém que tenha grandes dons - como o dom da palavra, cura, línguas, etc. mas não viva em graça, como foi o caso do filho pródigo que partiu da casa paterna e malgastou os bens entregues a ele.

Concluindo: enquanto a graça é participação da vida divina, os dons são presentes para ajudar-nos a viver esta vida da graça e para edificar a Igreja.

Todos os fiéis devem invocar ao Espírito Santo e pedir-lhe que renove em nós as graças e dons que recebemos para que nossa vida cristã seja testemunho fiel de nosso Senhor Jesus Cristo e possamos levar ao mundo inteiro a Luz de Cristo.

O Espírito Santo e a Igreja

A Igreja, comunhão vivente na fé dos apóstolos que ela transmite, é o lugar de nosso conhecimento do Espírito Santo:

Nas Escrituras que Ele inspirou;

Na Tradição, da qual os Padres da Igreja são testemunhas sempre atuais;

No Magistério da Igreja, ao que Ele assiste;

Na liturgia sacramental, através de suas palavras e seus símbolos, onde o Espírito Santo nos põe em comunhão com Cristo;

Na oração na qual Ele intercede por nós;

Nos carismas e ministérios mediante os quais a Igreja é edificada;

Nos sinais de vida apostólica e missionária;

No testemunho dos santos, onde Ele manifesta sua santidade e contínua obra da salvação;

A Igreja reconhece ao Espírito Santo como santificador. O Espírito Santo é força que santifica porque Ele mesmo é "espírito de santidade". A Igreja nascida com a Ressurreição de Cristo, se manifesta ao mundo pelo Espírito Santo no dia de Pentecostes. Por isso aquele episódio de que "começaram a falar em línguas diferentes", para que todo o mundo conheça e entenda a Verdade anunciada por Cristo em seu Evangelho.

A Igreja não é uma sociedade como outra qualquer; não nasce porque os apóstolos estavam de acordo; nem porque tenham convivido juntos por três anos; nem sequer pelo seu desejo de continuar a obra de Jesus. O que faz e constitui como Igreja a todos aqueles que "estavam juntos no mesmo lugar" (Atos, 2,1), é que "todos ficaram repletos do Espírito Santo" (Atos, 2,4).

Tudo o que a Igreja anuncia, testemunha e celebra é sempre graças ao Espírito Santo. São dois mil anos de trabalho apostólico, com tropeços e avanços, erros e acertos, toda uma história de luta para fazer presente o Reino de Deus entre os homens, que não terminará até o fim do mundo, pois Jesus antes de partir no-lo prometeu: "...eu estarei convosco, todos os dias até o fim do mundo" (Mt, 28,20).

O Espírito Santo na vida do cristão

João Paulo II, Audiência geral, 13 setembro 2000

1. No Cenáculo, na última noite de sua vida terrena, Jesus promete cinco vezes o Dom do Espírito Santo (cf. Jo 14, 16-17; 14, 26; 15, 26-27; 16, 7-11; 16, 12-15). no mesmo lugar, na tarde de Páscoa, o Ressuscitado se apresenta aos apóstolos e infunde o Espírito prometido, com o gesto simbólico do hálito e com as palavras: "¡Recebei o Espírito Santo!" (Jo 20, 22). Cinqüenta dias depois, outra vez no Cenáculo, o Espírito Santo irrompe com sua potência transformando os corações e a vida dos primeiros testemunhas do Evangelho.

Desde então, toda a história da Igreja, em suas dinâmicas mais profundas, está impregnada pela presença da ação do Espírito, "entregue sem medida" aos que crêem em Cristo (cf. Jo 3, 34). O encontro com Cristo comporta o dom do Espírito Santo que, como dizia o grande padre da igreja, Basílio, "se difunde em todos sem que experimente diminuição alguma, está presente em cada um dos que são capazes de recebê-lo como se fossem os únicos, e em todos difunde a graça suficiente e completa" ("De Spiritu Sancto", IX, 22). Desde os primeiros instantes de vida cristã.

2. O apóstolo Paulo, na passagem da Carta aos Gálatas que acabamos de escutar (cf. 5, 16-18. 22-25), delineia "o fruto do Espírito" (5, 22) fazendo a lista de una gama de virtudes que faz florescer na existência do fiel. O Espírito Santo se encontra na raiz da experiência de fé. De fato, no Batismo, nos convertemos em filhos de Deus graças precisamente ao Espírito: "A proba de que sois filhos é que Deus enviou a nossos corações o Espírito de seu Filho que clama: ¡Abbá, Pai!" (Gl 4, 6).

No próprio manancial da existência cristã, quando nascemos como criaturas novas, encontra-se o sopro do Espírito, que nos faz filhos no Filho e nos faz "caminhar" pelos caminhos de justiça e salvação (cf. Gl 5, 16).

O Espírito na prova

3. Toda a aventura do cristão terá que desenvolver-se, portanto, sob a influência do Espírito. Quando Ele nos volta a apresentar a Palavra de Cristo, resplandece em nosso interior a luz da verdade, como tinha prometido Jesus: "o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse" (João 14, 26; cf. 16,12-15).

O Espírito está junto de nós no momento da prova, convertendo-se em nosso defensor e apoio: "Quando vos entregares, não vos preocupeis de como ou o que deveis falar. O que tendes que falar vos será comunicado naquele momento. Porque não sereis vós que falareis, mas o Espírito de vosso Pai que falará em vós" (Mt 10, 19-20). O Espírito se encontra nas raízes da liberdade cristã, que liberta do jugo do pecado. O diz claramente o apóstolo Paulo: "A lei do espírito que dá a vida em Cristo Jesus te libertou a lei do pecado e da morte" (Romanos 8, 2). A vida moral --como nos lembra São Paulo-pelo fato de ser irradiada pelo Espírito produz frutos de "amor, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio de si" (Gálatas 5, 22).

O Espírito e a comunidade

4. O Espírito anima a toda a comunidade dos fiéis em Cristo. Esse mesmo apóstolo celebra através da imagem do corpo a multiplicidade e a riqueza, assim como a unidade da Igreja, como obra do Espírito Santo. Por um lado, Paulo faz uma lista da variedade de carismas, quer dizer, dos dons particulares oferecidos aos membros da Igreja (cf. 1Cor 12, 1-10); por outro, confirma que "todas estas coisas são obra de um mesmo e único Espírito, distribuindo-as a cada um em particular segundo sua vontade" (1Cor 12, 11). De fato, "em um só Espírito fomos todos batizados, para não formar mais que um corpo, judeus e gregos, escravos e livres. E todos bebemos de um só Espírito" (1Cor 12, 13). O Espírito e nosso destino Por último, devemos ao Espírito o poder alcançar nosso destino de glória. São Paulo utiliza neste sentido a imagem do "selo" e o "penhor": "fostes selados com o Espírito Santo da Promessa, que é penhor de nossa herança, para redenção do Povo de sua possessão, para louvor de sua glória"
(Ef 1, 13-14; cf. 2Cor 1, 22; 5,5). Em síntese: toda a vida do cristão, desde as origens até sua última meta, está sob a bandeira e a obra do Espírito Santo.

Mensagem do Jubileu

5. Gosto de lembrar, no transcurso deste ano jubilar, o que afirmava na encíclica dedicada ao Espírito Santo: "O grande Jubileu do ano dos mil contém, portanto, uma mensagem de libertação por obra do Espírito, que é o único que pode ajudar as pessoas e as comunidades a libertar-se dos velhos e novos determinismos, guiando-os com a "lei do espírito que dá a vida em Cristo Jesus", descobrindo e realizando a plena dimensão da verdadeira liberdade do homem. Com efeito --como escreve São Paulo-- "onde está o Espírito do Senhor, ali está a liberdade"" (Dominum et vivificantem, n. 60). Ponhamo-nos, portanto, nas mãos da ação libertadora do Espírito, fazendo nossa a surpresa de Simeão o Novo Teólogo, que se dirige à terceira pessoa divina nestes termos": "Vejo a beleza de tua graça, contemplo seu fulgor e o reflexo de sua luz; me arrebata seu esplendor indescritível; sou empurrado fora de mim enquanto penso em mim mesmo; vejo como era e o que sou agora. Ó prodígio! Estou atento, cheio de respeito para mim mesmo, de reverência e de temor, como se estivesse diante de ti; não sei o que fazer porque a timidez me domina; não sei onde sentar-me, aonde aproximar-me, onde reclinar estes membros que são teus; em que obras ocupar estas surpreendentes maravilhas divinas" (Hinos II, 19-27; cf. Exortação apostólica pos-sinodal "Vita consecrata", n. 20).

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