terça-feira, 29 de julho de 2008


Criado para viver plenamente.
Eis a onipotência de Deus.


" Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus Ele o criou: homem e mulher Ele os criou" ( Gn 1,27).
Somos criados à imagem de Deus Uno e Trino. Tal realidade pode ser observada nas diversas características do ser humano. Somos seres potencialmente capazes de fazer escolhas, de praticar o bem, de controlar nossos instintos, de pensar, de buscar sempre algo novo, de sonhar, de planejar e construir um futuro melhor, de sentir saudades, de construir amizades, de ajudar ao próximo... e de amar.
" Fomos criados semelhantes aos outros seres pela mortalidade, mas somos capazes de nos auto-transceder e de fazer escolhas que nos aproximam do Criador, sem deixar de sermos criaturas".
Somos seres finitos e temos a inquietude marca de buscar sempre o infinito, a plenitude, que só é encontrada em Deus.
Ser criado à imagem e semelhança de Deus implica ter implicitamente uma finalidade existencial, uma orientação interna.
Somos criados para a vida plena, pois o Deus, nosso Criador,é o Deus da vida, da eterna fonte inesgotável de vida.
Nesta perspectiva, podemos perceber com mais clareza a onipotência do amor de Deus. É verdade que somos seres livres e podemos escolher entre a vida e a morte a todo o instante. Será sempre uma escolha nossa, escolher entre o certo e o errado, entre a ganância e a partilha, entre a vingança e o perdão, entre a guerra e a paz... enfim, entre o que nos aproxima ou nos afasta da nossa identidade primária e constitutiva de cada um de nós: ser imagem de Deus. ou seja, todo aquele que escolher caminhos que negam a vida, que negam a sua mais marcante característica, cada vez mais se afastará da sua essência, que é a humanidade. Sendo assim, mais humano seremos quanto mais nos aproximarmos da imagem de Deus.
E, sendo Deus a fonte eterna da vida, nossas escolhas livres devem sempre optar por aquelas que favorecem a geração da vida, para assim conseguirmos todos viver mais plenamente, sendo mais humano.
Eis o alerta da Campanha da Fraternidade desse ano:
" Escolhe, pois, a vida" ( Dt 30, 19 ). Escolhe, pois, a razão da sua criação: viver. Sempre e a todo o instante devemos fazer escolhas para a vida. Por isso devemos escolher a vida na sua origem fecunda até o término de sua existência terrena.
Não estamos falando de escolher algumas vidas, e sim, todas as vidas. Ou seja, não é escolher embriões mais capazes de se tornarem um ser humano mais saudável e desprezar os demais,nãoé ser a favor de abortos para mulheres de baixa renda, não é ter descuido com a saúde pública do país possibilitando apenas quem tem dinheiro de sobreviver, não é explorando a exaustão de trabalhadores ( sobretudo os rurais) num ritmo desumano e encurtando a sua vida, não é dar uma aposentadoria indigna a nenhuma pessoa impossibilitando um prolongamento de seu fim de vida terrena, não é acelerando a morte de algum paciente porque qualquer razão que seja, não é desejando ou sendo a favor de pena de morte para pessoas que cometeram barbarias e por aí vai...
Porém, fazer uma escolha em prol da vida, algumas vezes, requer que deixemos de pensar só em nós mesmo e ir em favor do outro. Pensando em lucrar menos e partilhar mais, não sendo egoísta, não achando que a sua vida valha mais do que a do próximo, enfim, vivendo em comunhão fraterna de vida. Afinal, ser imagem de Deus Uno e Trino, é viver em comunhão fraterna de amor para gerar vida. Pois o Deus que professamos, é um Deus- comunidade de comunhão amorosa. Sendo esta mais uma finalidade de nossa criação. Só conseguiremos proporcionar vidas, quando formos capazes de viver em comunhão, sem perder a nossa individualidade.
Por isso, escolher a morte é muito mais do que uma escolha infeliz, é ir de encontro à finalidade principal do ser humano e impedir também que o outro encontre a razão de sua existência: a vida.
Eis a grande onipotência divina: o seu amor, fonte de vida. Deus infundiu em nós a marca do Seu amor, ou seja, só seremos plenamente realizados, humanos, se nossas escolhas livres forem em prol da comunhão fraterna que possibilita a vida.


Leonardo Núñez de M. Reis